A “Industrialização ao Serviço da Emergência de África” é o tema de fundo da sexta conferência conjunta dos ministros africanos da Economia e Finanças, Planificação e Desenvolvimento Económico, que vai decorrer na segunda-feira, em Abidjan (Costa de Marfim).
Organizada pela Comissão Económica para África (CEA) e pela Comissão da União Africana (CUA), a esta conferência constitui o principal fórum anual de concertação dos ministros das Finanças, Economia e Desenvolvimento Económico e dos governadores de bancos centrais sobre questões ligadas ao programa de desenvolvimento do continente.
De acordo com a organização do encontro, o tema da conferência baseia-se nas recomendações das reuniões anteriores, mais concretamente numa das conclusões do fórum de 2012, que apelava a mais esforços para libertar o potencial de África enquanto pólo de crescimento mundial.
Os 600 participantes na conferência vão abordar vários aspectos da industrialização em África, apontando para que direcção dos países africanos devem planear e elaborar estratégias e políticas industriais susceptíveis de promover a criação de valor acrescentado e a transformação económica, assim como reduzir a dependência da produção e da exportação de matérias não transformadas.
Estas estratégias devem não só destacar a promoção de um crescimento forte e duradouro a longo prazo, mas permitir igualmente uma ampla partilha dos benefícios de tal crescimento para reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida de todos os africanos. Os documentos da conferência dizem que a aceleração do programa de industrialização de África constitui um meio pelo qual as recentes conquistas em matéria de crescimento económico podem ser salvaguardados de forma duraradora.
A industrialização vai contribuir igualmente para a criação duradoura de riqueza, na medida em que ela vai permitir a conversão dos recursos naturais e outras matérias-primas de África em produtos de valor acrescentado, exportáveis para os mercados mundiais, permitindo assim construir economias competitivas que possam ser integradas de maneira produtiva na economia mundial.
Para preparar o encontro ministerial, peritos dos diferentes países estão reunidos desde a passada quinta-feira até amanhã, na capital marfinense, para examinar as questões da agenda e preparar os documentos a serem adoptados pelos ministros.
Durante o congresso dos economistas africanos, que decorreu recentemente em Dakar (Senegal), os participantes concluíram que o papel da indústria na emergência das economias africanas continua a ser extremamente importante para o continente e a União Africana, por perseguir a integração política e económica de África.
“Dar respostas a esta problemática durante a celebração (a União Africana assinala o seu cinquentenário no dia 25 de Maio) é contribuir para enriquecer o debate sobre o balanço do percurso económico do continente nos últimos 50 anos e sobre a política industrialque é necessário projectar nos 50 anos seguintes”, sublinhou o representante da presidente da Comissão da União Africana, René Kouassi.
Desânimo
A Comissão Económica para África (CEA), reunida recentemente em Dakar (capital de Senegal), lamentou o fraco desempenho que as economias africanas têm registado nos últimos anos.
Para o director da Divisão de Política Macroeconómica da CEA, o professor Emmanuel Nadozié, a tendência dos desempenhos actuais não é suficiente, para que o continente possa atingir um desenvolvimento em grande escala, sustentável e inclusivo.
Na maioria dos países, realçou, o crescimento foi principalmente motivado pela produção e pela exportação de alguns produtos de base. Esses países, salientou Emanuel Nadozié, continuam, infelizmente, a ser expostos a diversos choques externos, como as condições meteorológicas e de evolução do comércio.
Por outro lado, prosseguiu, as taxas de crescimento actuais não se traduziram pela criação de empregos significativos para a maioria dos países, “por isso, o momento chegou para os países africanos redobrarem os esforços de industrialização das respectivas economias”.
Por seu turno, o director dos Assuntos Económicos da Comissão da União Africana, Réné Kouassi, disse que “sem integração, nenhum país consegue enfrentar a industrialização para a emergência”.
“Enquanto a África não for desenvolvida, é preciso insistir em questões básicas e, um dia, isto vai dar certo”, sublinhou. (jornaldeangola.com)