Mohamed Mursi, enfrentou o maior desafio do governo civil ao demitir militares de alta patente e esmagar a tentativa legal dos generais de reduzir o poder do presidente eleito. O movimento é considerado o mais ousado de sempre para acabar com 60 anos de liderança militar.
Surpreendendo o país, Mursi solicitou a reforma do general de campo Hussein Tantawi. Representante da velha ordem de 76 anos de idade.
“O país já não está sob regime militar. O poder militar terminou e o Egito vai-se tornar num estado civil em que todos terão direitos.”
“Lideraram o país ao longo dos tempos. Mas em termos de futuro, é necessária uma mudança radical e essa mudança tem de ser abrangente, lenta e controlada.”
O novo presidente, aparentemente sem grande carisma e poderes, que tomou posse a 30 de junho, enviou para a reserva o símbolo do antigo regime, n°2 do Conselho Supremo das Forças Armadas.Foi Tantawi que ficou encarregue da maior nação árabe quando Hosni Mubarak caiu em desgraça, no ano passado, e permaneceu como chefe do poderoso conselho militar até às eleições de junho.
Mursi, entre braço de ferro com o exército e alguns compromissos, conseguiu defender o seu programa:
“Nunca pretendi marcar uma pessoa ou enviar uma mensagem negativa sobre quem quer que seja. Agradeço profundamente aos meus filgos, irmãos e aos militares das Forças Armadas. E preciso que se mantenham forcados no dever sagrado de defender-nos a todos e de proteger a nação”.
E a potência armada egípcia, que forneceu presidentes desde 1952 (Morsi é o primeiro civil) passa a estar confinada à missão de Defesa do país.
Além de requisitar as reformas de Tantawi e do ministro da Defesa de Mubarak durante 20 anos, e do Chefe do Estado Maior Sami Enan, de 64 anos, Mursi também cancelou um decreto emitido pelos militares antes da eleição, que tinha limitado o poder da presidência.
Mursi nomeou o general Abdel Fattah al-Sisi, 57 anos, da inteligência militar, para liderar o exército e se tornar ministro da Defesa. Enan foi substituído pelo general Sidki Sobhi, de 56 anos, que liderou o Exército de Terceiro Campo, com sede em Suez, na fronteira com o Sinai. Israel segue os acontecimentos com atenção.
Fonte: EURONEWS