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    Novo modelo operacional da Sonangol rompe com o passado

     (Foto: D.R.)
    (Foto: D.R.)

    ‘O «Modelo Operacional da Sonangol», quer para o exercício da função concessionária quer para as nossas subsidiárias quer para os órgãos corporativos de suporte precisa de urgente reposicionamento, precisa de reforma imediata’, refere o documento interno da petrolífera intitulado ‘Resgate da Eficiência Empresarial’, a que OPAÍS teve acesso

    O Programa de Resgate da Eficiência Empre­sarial’, que o presi­dente da petrolífera, Francisco de Lemos, classifica como ‘parte integrante do ‘Plano de Negócios 2015-2017», re­flectindo apenas o formato de como este deverá operar’, assume-se ain­da como ‘o principal desafio para a liderança das subsidiárias’.

    Como se lê no documento, trata-se do ‘«guião», da «base», do «ca­tecismo» para a actuação da em­presa naquele período, implicando ‘o ajustamento gradual do «modelo operacional da Sonangol», o divór­cio com o passado e o início de uma era diferente, a mudança de cultu­ra’, o que significa ‘o renegar da cul­tura da «dependência de terceiros» e a «adopção da cultura do esforço, da inteligência, da inovação e do empreendedorismo».

    O ajustamento, que se recomen­da gradual, do modelo operacional da petrolífera estatal compreende um vasto leque de investimentos (e também alguns desinvestimentos), bem como uma nova ‘cultura de resultados’, uma nova perspectiva de ‘gestão do capital humano’ e a adopção de três regras que figuram logo no início do documento e fo­ram retiradas de um excerto de um texto intitulado ‘Three Rules for Making a Company Truly Great’, de autoria de Michael E. Raynor e Mu­mtaz Ahmed, executivos seniores da Deloitte, e publicado na ‘Harvard Business Review’. A primeira regra estabelece que é preferível ser me­lhor a ser mais barato, ou seja, que há que competir em outros factores diferenciadores que não o preço, a segunda recomenda que se confira prioridade ao aumento de receita e não à redução de custos e a terceira estabelece que não há qualquer ou­tra regra a observar.

    Investimento e desinvestimen­to

    São extensas e exaustivas as linhas definidas no domínio do investi­mento. Preconiza-se a adopção do modelo de ‘investimentos em par­ceria’, que permitam ‘a partilha do «custo», do «risco» e do «rendi­mento», adiantando-se que aque­le ‘permitirá iniciar uma «ajusta­da curva de aprendizagem» para «aprendermos a fazer», elencan­do-se as parcerias a implementar através de ‘sociedades conjuntas’. Entre elas incluem-se tanto os ‘blocos em transferência (blocos 19,20,22 e 24), os blocos em que a Sonangol possui, pelo menos, 30% de interesse participativo (blocos 0, 15/16, 20, 21, 31 e 32), advogando-se ainda o modelo de parceria para o investimento em exploração e pro­dução no estrangeiro, a constituição de «parcerias – JV» no domínio da logística de combustíveis, aumen­to da capacidade de armazenagem, comercialização nas bancas, trans­porte de combustíveis em todos os modais e transporte marítimo de suporte às concessões petrolíferas.

    Se na Sonangalp a intenção é de­sinvestir e se, na refinaria do Lobito, é reduzir o interesse societário, já na refinaria do Soyo o objectivo é in­vestir, envolvendo um interesse so­cietário de 20% e um acordo de pro­cessamento de ramas. Também se aponta para o investimento na mo­netização de recursos de gás natural nos pólos de Cabinda (associação dos blocos 0 e 14), da Bacia do Con­go e da Bacia do Cuanza. Já o inves­timento em infraestrutura petrolí­fera terrestre abrangerá, segundo o documento, o novo terminal pe­trolífero da região do Quinfuquena (Soyo), o terminal petrolífero a sul de Luanda, a base logística do Qui­combo, a expansão e modernização da base do Kwanda, a construção de «heli-bases», a construção e ope­ração de centrais eléctricas de gera­ção a gás e de ciclo combinado nas cidades de Luanda, Soyo, Cabinda e a sul de Luanda, a constituição de uma sociedade conjunta para for­necimento de bens e serviços à in­dústria petrolífera, onde o interesse societário da concessionária nacio­nal será de 30% – defendendo-se, nesta matéria, o reposicionamento dos «centros de fabricação» exis­tentes» – e ainda a constituição de uma sociedade conjunta para ‘o de­senvolvimento e operação do pro­jecto «SOOC – Sonangol Optical Cable», em que a Sonangol terá um interesse societário de 30%, deven­do existir ‘flexibilidade na missão e âmbito da sociedade’.

    O documento preconiza a adop­ção de um modelo operacional dife­rente na gestão de projectos estraté­gicos estruturantes como a refinaria do Lobito, o terminal oceânico da Barra do Dande, o parque de com­bustíveis do Lubango, o terminal oceânico do Soyo e o terminal oce­ânico do Namibe, a construção de navios tanque e de navios-sonda e a exploração e desenvolvimento de recursos petrolíferos (petróleo bruto e gás natural).

    Prevê-se a construção de edifí­cios da Sonangol em Luanda (dois edifícios), Cabinda, Soyo, Lobito, Huambo, Lubango e Malange, a construção de, pelo menos, 1.950 fogos habitacionais para os associa­dos da ‘Cooperativa Cajueiro’ em Bom Jesus, no Km 44 (1.100 fogos) e em Bita Tanque (850 fogos), as­sim como a edificação do comple­xo desportivo do Petro Atlético de Luanda. Fixa-se ainda uma contri­buição anual, da ordem dos USD 50 milhões, no âmbito da responsabili­dade social corporativa.

    Privilegiar concursos públicos

    No plano da ‘cultura de resultados’, o documento põe a tónica no recur­so à contratação através de concur­so público ‘como forma mandatória e obrigatória no Grupo Sonangol’ para quaisquer gastos superiores a um milhão de dólares, em conso­nância com as normas e procedi­mentos do «sistema de controlo interno». Introduz, por outro lado, a ‘obrigatoriedade do «relatório do concurso público» no processo de «normalização e cadastramento contratual» para efeitos de obriga­ção legal e financeira da Sonangol’. Já desde a passada quarta-feira, 1 de Julho, é obrigatória, de acordo com o fixado no documento, a adopção de concurso público para a aquisi­ção de combustíveis, gás butano, lubrificantes e asfaltos no mer­cado internacional. O documento faz recomendações no que respeita à implementação do ‘Guião para a Redução e Contenção de Custos no Triénio 2015-2017’, o qual deve­rá ser ajustado ‘caso a redução no custeio e a contenção da despesa se revelarem insuficientes’. Os cus­tos contratuais deverão ser ajusta­dos em toda a «cadeia logística’ da empresa e deverá disseminar-se o esforço no sentido da sua redução e contenção em todas as unidades de negócio onde a Sonangol possui influência significativa.

    Investir na qualificação

    O documento aposta no investi­mento ‘no provimento a longo pra­zo’ de pessoal qualificado, confir­ma a adopção do programa de 5 mil bolsas de estudo até 2022, advogan­do o ‘reforço e melhoria contínua do «sistema de avaliação do desempe­nho»’, a ‘revisão crítica dos «con­tratos de cedência de pessoal», dos «subcontratos» e dos «contratos de prestação de serviço» sempre em avaliação compatível com as neces­sidades de pessoal para as «funções críticas»’ e a restrição das admis­sões para funções ‘não críticas’ ou não compatíveis com a actividade nuclear da empresa. (opais.ao)

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