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    Nicarágua liberta e expulsa para os EUA mais de 200 opositores

    Mais de 200 opositores libertados nesta quinta-feira (9) na Nicarágua pelo governo de Daniel Ortega foram privados de seus direitos políticos, despojados de sua nacionalidade e deportados para os Estados Unidos.

    O ex-embaixador de Ortega na OEA, Arturo McFields, afirmou em um vídeo que “222 presos políticos vêm para cidade de Washington, foram libertados”. McFields foi demitido após qualificar seu país como uma ditadura e agora reside nos Estados Unidos.

    “Em um país democrático, um preso político é libertado, volta para casa, abraça sua família e o Estado garante a sua segurança, seu bem-estar e seus direitos fundamentais. Na Nicarágua, se alguém é solto, não tem essas garantias fundamentais: o direito à vida, à livre-circulação, a poder se manifestar e continuar sendo um cidadão, por isso tem que sair do país”, observou McFields.

    Um tribunal da Nicarágua confirmou a libertação de 222 opositores presos, sem revelar a identidade dos mesmos. A notícia havia sido anunciada pouco antes por parentes e opositores exilados, os quais informaram que, entre eles, estavam a ex-comandante sandinista Dora María Téllez, a ex-pré-candidata à Presidência Cristiana Chamorro e Juan Lorenzo Holmann, mas não o bispo Rolando Álvarez, nem outros sacerdotes.

    “Ordena-se a deportação imediata e já efetiva de 222 pessoas. Essas pessoas já foram deportadas do país”, disse à mídia oficial da Nicarágua Octavio Rothschuh, presidente da Sala Um do Tribunal de Apelações de Manágua.

    O juiz não forneceu a lista dos libertados, mas disse que todos foram privados permanentemente de seus direitos políticos e declarados “traidores da pátria”.

    Washington disse ter “facilitado o transporte dessas pessoas assim que foram libertadas” e garantiu que poderão permanecer nos Estados Unidos por motivos humanitários por dois anos.

    Todos os que foram libertados e deixaram o país “concordaram voluntariamente em viajar” para Washington, onde o governo lhes fornecerá assistência médica e jurídica, disse o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

    A decisão de Manágua “é positiva e bem-vinda”, mas “estamos firmes em encorajar novos passos” do governo Ortega para “restaurar as liberdades civis e a democracia ao povo nicaraguense”, acrescentou o porta-voz.

    Javier Álvarez, nicaraguense exilado na Costa Rica, confirmou à AFP que entre os libertados estão sua esposa e filha, que também têm nacionalidade francesa.

    Mais de 200 opositores foram presos na Nicarágua no contexto da repressão que se seguiu aos protestos que eclodiram em 2018 contra Ortega, no poder desde 2007.

    – EUA elogia ‘passo construtivo’ –

    A notícia, que já circulava em redes sociais, foi elogiada pelo governo americano e por nicaraguenses exilados.

    O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, saudou a libertação e disse que a mesma poderia abrir caminho para mais diálogo com Ortega.

    “A libertação desses indivíduos, um dos quais é cidadão americano, pelo governo da Nicarágua marca um passo construtivo para abordar os abusos contra os direitos humanos naquele país e abre as portas para mais diálogo entre Estados Unidos e Nicarágua sobre temas que causam preocupação”, declarou Blinken.

    O escritor nicaraguense Sergio Ramírez, que foi vice-presidente de Ortega em seu primeiro mandato (1985-1990) e atualmente se encontra exilado na Espanha, expressou sua satisfação pela libertação dos presos.

    “Hoje é um grande dia para a luta pela liberdade da Nicarágua, pois tantos prisioneiros injustamente condenados ou processados são libertados de prisões, nas quais nunca deveriam estar. Eles vão para o exílio, mas vão para a liberdade”, tuitou Ramírez.

    “A esta hora, os deportados já estão nos Estados Unidos, de forma que damos por cumprida a sentença”, declarou Octavio Rothschuh.

    – Parentes no aeroporto –

    A diretora da Anistia Internacional para as Américas, Erika Guevara, disse no Twitter que parentes de presos lhe haviam confirmado a libertação, mas não deu detalhes: “Recebemos a confirmação de várias famílias sobre a libertação de pessoas presas na Nicarágua. Foram enviadas para o exílio”, indicou.

    Parentes e amigos dos libertados reuniram-se no aeroporto internacional Dulles, na capital americana, para aguardá-los. A mãe de Evelyn Pinto, defensora dos direitos humanos presa desde novembro de 2021, disse sentir esperança após a libertação de sua filha.

    Lyana Barahona, que esperava a prima Sueyen, defensora dos direitos humanos e presidente da Unamos, presa há mais de um ano, trouxe uma mala com roupas, porque acredita que os libertados chegarão sem nada. “Estou muito feliz”, afirmou

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    FonteAFP

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