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    Mudança de rumo do Brasil sob Lula agita a COP27

    Presença do futuro presidente na Conferência do Clima da ONU é vista como esperança de retomada do protagonismo ambiental perdido sob Bolsonaro. “O mundo está esperando pelo Brasil”, diz ex-ministra do Meio Ambiente.

    De saída da Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro não é esperado no encontro de chefes de Estado programado para ocorrer no âmbito da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), realizada no Egito deste domingo (06/11) até 18 de novembro. Com nomes confirmados como Joe Biden, líder dos Estados Unidos, uma das presenças mais aguardadas é a do próximo presidente brasileiro: Luiz Inácio Lula da Silva.

    Ainda sem poder para decidir o rumo das negociações da delegação brasileira, o vencedor das eleições contra Bolsonaro deve comparecer à reunião organizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), na segunda semana das negociações.

    “A presença do Lula é um sinal muito positivo, sinal de um país que se volta para o mundo depois de anos como pária”, comenta Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente que será uma das conselheiras da Presidência na Conferência do Clima no Egito.

    Em entrevista à DW, Teixeira afirmou que há uma grande demanda de delegações importantes para encontros com o governo de transição. A expectativa é que as discussões vão além de cooperações internacionais para a conservação da Amazônia.

    “O Brasil chegará renovado, pautado pela sua democracia, por sua grande capacidade técnica na ciência, por sua juventude e povos indígenas. O mundo está esperando pelo Brasil”, declara Teixeira.

    Alta nas emissões e no desmatamento
    Sob chefia do atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a delegação oficial vê a COP27 como momento de reafirmação dos compromissos de todos os países com a mitigação da mudança do clima, em particular os maiores emissores, informou o Itamaraty por email à DW.

    Depois de China, Estados Unidos, Índia, Indonésia e Rússia, o Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, aponta uma plataforma dedicada ao tema mantida pelo World Resources Institute (WRI), com informações coletadas até 2019.

    Desde então, os números só pioraram, como destaca Stela Herschmann, especialista do Observatório do Clima que acompanha as negociações no Egito. “O ano de 2021 foi o quarto seguido de alta nas emissões nacionais, puxada principalmente pelo aumento do desmatamento, ano após ano, critica.

    A redução global de emissões de CO2 é a chave para o mundo atingir a meta estabelecida no Acordo de Paris: limitar até o fim do século o aquecimento do planeta a 1,5 °C em relação à era pré-industrial.

    “O Brasil oficial que chega às negociações com representantes do atual governo brasileiro tem a identidade climática que vai do terraplanismo ao negacionismo, mas que concretamente entrega alta nas emissões e no desmatamento”, comenta Teixeira.

    Omissão e isolamento
    Logo que chegou à Presidência, em 2019, Bolsonaro avisou que o Brasil não iria sediar, como planejado três anos antes, a COP25. A mensagem negativa ecoou, e a imagem do país se deteriorou no cenário internacional a cada edição da conferência.

    “Os dados só foram mostrando a destruição da Floresta Amazônica. E na COP26, em Glasgow, o governo escondeu os dados de desmatamento do Prodes”, pontua Herschmann, lembrando que a informação é divulgada anualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em meados de novembro.

    Nos bastidores, acredita-se que o governo Bolsonaro dê ênfase ao tema energia em reuniões e eventos no pavilhão oficial. “Até no setor de energia a notícia é ruim. O Seeg mostrou que as emissões dessa atividade são as maiores desde a década de 1970”, destaca Hershmann.

    Em sua Conferência do Clima de despedida, o isolamento internacional do atual governo visto nas COPs anteriores deve permanecer. “Foram quatro anos não só de abandono, mas de uma guerra declarada contra a agenda ambiental e climática, contra os povos indígenas, a Amazônia, contra as próprias agências federais que cuidam do meio ambiente”, analisa Carlos Rittl, especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation da Noruega.

    “Queremos, como país, voltar a ser parte da solução, e não parte do problema, como nos últimos quatro anos. A sociedade civil se preparou muito para essa transição, temos propostas muito concretas para discutir, tudo baseado em ciência”, diz Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade.

    DW

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    FonteDW

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