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    Massacre de Conacri: Famílias esperam há 10 anos por justiça

    Dez anos depois de massacre na Guiné-Conacri, as famílias das vítimas continuam à espera de justiça. Críticos sugerem que o julgamento esteja a ser adiado por motivos políticos. Mas ministro nega.

    Passam 10 anos desde que membros das forças de segurança mataram 150 pessoas, avança a DW, que se reuniram num estádio de Conacri para protestarem contra a candidatura presidencial de Moussa Dadis Camara.

    Centenas de pessoas ficaram feridas e dezenas de mulheres foram violadas ou vítimas de outras formas de violência sexual.

    Tudo aconteceu a 28 de Setembro de 2009. Camara era então o líder de uma junta militar que tomou as rédeas do país num golpe de Estado, em Dezembro de 2008. Ele é agora um dos principais suspeitos do massacre, mas está exilado no Burkina Faso desde 2010.

    As famílias das vítimas continuam à espera de justiça. Hélène Zogbelemou, ativista guineense pelos direitos das mulheres e das crianças, pede que Camara volte ao país para ser julgado: “Estar no exílio forçado não é a solução. Não se pode deixá-lo sem responder pelas suas acções”, comentou Zogbelemou em entrevista à DW.

    “Se ele for condenado, tem de ser sentenciado, e se for absolvido, tem de ser absolvido. Mas impedem-no de entrar no país. Quando ele quis voltar, o avião foi redireccionado para o Burkina Faso”, acrescenta.

    Contexto político “desfavorável”

    Em 2013, Moussa Dadis Camara conseguiu entrar no país através da Libéria para o funeral da mãe, mas por pouco tempo. A vontade de justiça das associações que representam as vítimas esbarra contra um contexto político desfavorável, comenta Karamo Mady Camara, advogado e analista político.

    “Imagine por um momento que ele possa ser considerado culpado! Há alguns fanáticos que podem não aceitar isso e que podem causar distúrbios no país”, diz Camará. “Por outro lado, outras pessoas que não aceitariam a sua absolvição também se podem sentir ofendidas, porque acham que ele está realmente envolvido no massacre. Portanto, a questão geoestratégica e geopolítica ainda influencia o curso deste caso.”

    Ministro: Vontade política “inequívoca”

    Várias organizações de defesa das vítimas, incluindo associações como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW), lançaram esta semana um vídeo em que apelam ao julgamento dos responsáveis.

    No entanto, quase dois anos após o encerramento da investigação judicial e 10 anos depois do massacre, ainda não há data para um julgamento.

    Em entrevista ao serviço em francês da DW, o ministro da Justiça da Guiné-Conacri, Mohamed Lamine Fofana, rejeitou que o caso se tenha atrasado por “contingências políticas”.

    O governante referiu que um caso desta dimensão demora a ser investigado, mas “a vontade política do Presidente [Alpha Condé], do que posso testemunhar, é inequívoca para a realização do julgamento”.

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