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    Mari Alkatiri quer continuar a liderar autoridade da região timorense de Oecusse

    RTP|Lusa

    O presidente da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), Mari Alkatiri, cujo mandato termina em julho, disse hoje que gostaria de continuar a liderar a autoridade para consolidar a agenda de desenvolvimento económico regional.

    “O mais importante são agora os próximos cinco anos: sabermos todos definir o que é realmente a economia social de mercado e criar um modelo que sirva todo o povo”, afirmou em declarações à Lusa em Oecusse.

    “Eu gostaria de continuar a contribuir porque, no fundo, a filosofia saiu da minha cabeça e ainda não despejei tudo”, confessou.

    Alkatiri foi nomeado para o mandato de cinco anos por um decreto presidencial assinado a 25 de julho de 2014 pelo então chefe de Estado (que é atualmente o primeiro-ministro), Taur Matan Ruak, tendo em conta uma proposta do então chefe do Governo, Xanana Gusmão.

    Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak são hoje os líderes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação que chegou ao Governo com maioria absoluta em 2018 e cujos partidos que a integram se têm mostrado contra a renovação do mandato de Alkatiri.

    No fim de semana passado a coligação aprovou uma resolução em que propõe ao primeiro-ministro a não renovação do mandato de Alkatiri.

    “A AMP reitera a posição de cumprir o compromisso eleitoral de 2018, para não reconduzir o mandato do atual presidente da RAEOA. Apelamos ao senhor primeiro-ministro Taur Matan Ruak para informar da decisão ao Presidente da República”, refere uma das resoluções debatidas e aprovadas no encontro.

    Para Mari Alkatiri a resolução é menos direcionada a si própria e mais para o debate interno dentro da própria coligação do Governo.

    “Penso que é pressão interna entre eles. Não tem nada a ver comigo. Não se entendem e procuram um escape interno para justificar as contradições existentes dentro da AMP”, referiu.

    Os comentários de Alkatiri foram feitos por ocasião do 5.º aniversário da RAEOA e a inauguração, pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, do novo Aeroporto Internacional de Oecusse Rota do Sândalo, “um dos projetos icónicos da região”.

    Xanana Gusmão, líder da AMP, Taur Matan Ruak, o primeiro-ministro que está ausente do país para tratamento médico, e Agio Pereira, chefe do Governo interino, não participaram.

    Questionado sobre o projeto, Fidelis Magalhães, ministro da Reforma Legislativa e Assuntos Parlamentares e que representou o primeiro-ministro na cerimónia, disse apenas que “o povo de Oecusse, a autoridade e o presidente estão de parabéns com o resultado da obra”.

    Mas recusou-se a fazer comentários adicionais sobre a não renovação ou não do mandato de Alkatiri ou sobre as políticas que devem nortear os próximos cinco anos.

    “Isso não me cabe comentar. Deixo os mais velhos ter o seu tempo e meios de comunicar entre eles”, afirmou.

    “É um processo sobre o qual vai haver uma certa discussão para ver requisitos, qualidade, etc e por isso para já não tenho muitas coisas a dizer”, afirmou.

    Questionado sobre o mesmo assunto, Francisco Guterres Lu-Olo disse que, apesar da resolução, a decisão “não será da AMP, mas será do primeiro-ministro e do Presidente da República”, sugerindo que Alkatiri deveria continuar a liderar o projeto.

    “Acho que o doutor Mari Alkatiri foi o obreiro de tudo isto. Demonstrou capacidade técnica e profissional, como também um conceito político da ZEESM. Foi uma obra feita. Eu vim cá para inaugurar um sucesso, não um fracasso”, afirmou.

    “Mari Alkatiri é uma pessoa que tem capacidade para gerir esse projeto”, disse.

    O ex-Presidente timorense, José Ramos-Horta, que também veio a Oecusse para a inauguração, já tinha defendido a recondução de Alkatiri, afirmando à Lusa que “devia ser reconduzido, se ele assim o desejar”.

    “A obra está praticamente terminada em termos de infraestruturas, mas agora é preciso que continue alguém como ele para a próxima fase, que é atrair os investimentos privados”, disse Ramos-Horta.

    “As infraestruturas estão aí, e agora é preciso o investimento privado. Não pode continuar a ser só o Estado”, afirmou, considerado que é preciso alguém como Alkatiri “com a capacidade para dialogar, convencer, atrair investimento estrangeiro”.

    Os críticos de Alkatiri têm apontado alguns aspetos da sua gestão inicial da RAEOA — quando ainda era partilhada com o Governo central — e que foi alvo de uma polémica auditoria.

    Membros dos partidos do Governo apontam ainda que Alkatiri poderá ter tido influência junto do atual Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo — que é presidente da Fretilin — para algumas das decisões mais polémicas, incluindo vetar o orçamento e não dar posse a vários membros do executivo.

    Alkatiri explica que na reta final do seu atual mandato estão em curso alguns importantes projetos, nomeadamente o arranque da estrada que liga Noefefa a Citrana, para oeste, e o estudo para a estrada entre a zona da irrigação de Tono e as localidades de Oesilo e Passabe.

    Agora, disse, é preciso pensar nos próximos cinco anos, sendo que “há um interesse claríssimo de vários investidores investirem em Oecusse”.

    “Mas as pessoas também aprendem a trabalhar com algumas pessoas e se depois se sentirem um pouco frustradas nas suas perspetivas, vai ser mais dificil reconquistá-las de novo”, considerou.

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