Os juros da dívida soberana portuguesa cederam, ontem, em todas as maturidades, ao contrário dos títulos da dívida grega, que negoceiam acima dos 45 por cento na maturidade a dois anos.
Dados compilados pela agência de informação financeira Bloomberg referem que os juros exigidos pelos investidores para transaccionarem a dívida portuguesa a dois anos eram negociados no mercado secundário nos 13,249 por cento, ligeiramente abaixo da média de 13,317 da sessão anterior, com o spread face à dívida alemã (referencial para a Europa) nos 1.259 pontos base.
Neste prazo, o máximo jamais registado desde a adesão de Portugal ao euro foi atingido, em 18 de Julho, nos 20,359 por cento.
O ministro português da Economia e do Emprego prometeu, ontem, um “corte histórico” na despesa do Estado, assegurando que é intenção do Governo “dar o exemplo” aos portugueses.
“Todo o Governo quer dar o exemplo. A austeridade tem de ser feita no Estado. Não podemos pedir grandes sacrifícios aos portugueses se não dermos o exemplo”, disse, aos jornalistas, à margem de uma visita à Autoeuropa e ao parque industrial envolvente.
Santos Pereira anunciou ainda para a próxima semana medidas para “relançar os centros de emprego”, remetendo para “o seu tempo próprio” comentários sobre um eventual imposto especial sobre os mais ricos.
O imposto sobre as fortunas só faz sentido se for um imposto sobre o capital, defendeu o secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores acrescentando que, mesmo assim, há o perigo de haver fuga de capitais de Portugal.
“Antigamente, a riqueza vinha do campo, portanto, o imposto sobre a fortuna assentava no imobiliário, nomeadamente, nas propriedades rurais”, afirmou João Proença, frisando:“Em Portugal, hoje já não há latifúndios, já houve a reforma agrária, por isso, esse tipo de imposto é absurdo no nosso país”.
“O que está em causa é taxar o capital. Foi isso que dissemos quando foi criado o imposto extraordinário relativamente ao subsídio de Natal. Deviam ser taxados os juros, os dividendos, as mais-valias mobiliárias. O imposto sobre fortunas tem de ser necessariamente sobre o capital”, disse o secretário geral da CGT, João Proença.
Fonte: Jornal de Angola