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    Joenia Wapichana, a primeira mulher indígena a chegar ao Congresso

    Advogada teve mais de oito mil votos e conseguiu a eleição para o Congresso. Vai enfrentar uma Câmara de Deputados bastante conservadora – e ainda não sabe se Bolsonaro será eleito presidente – mas garante que isso não a intimida. “Eu não estou indo para o Congresso brincar”, garante à edição brasileira do El País.

    Joenia Batista de Carvalho – ou Joenia Wapichana, como gosta de ser chamada, como homenagem ao seu povo – apareceu pela primeira vez nos jornais em 2008, quando liderou, no plenário do Supremo Tribunal Federal, a defesa de cinco povos que lutavam pela demarcação de terras na Raposa Serra do Sol, em Roraima. Dez anos depois, Joenia tornou-se a primeira mulher indígena eleita para o Congresso brasileira.

    “Senti no domingo a mesma sensação daquele dia no Supremo, vi-me outra vez naquela responsabilidade de representar os índios. Pensava o tempo todo: será que vou conseguir?”, conta Joena Wapichana ao El País Brasil. No domingo, foi eleita para o Congresso com 8.434, tornando-se assim, oficialmente, a primeira mulher indígena eleita deputada federal no Brasil. O último homem indígena a ser eleito deputado federal tinha sido Mário Juruna, em 1982.

    Esta advogada indígena entrou na política há pouco tempo. Há um ano e meio, filiou-se no partido Rede Sustentabilidade, depois de um pedido de dez comunidades indígenas do estado de Roraima a terem escolhido como líder com o objetivo de obter representação no Congresso. Conseguiu. “Essa eleição deu-me uma possibilidade real de ser, de novo, uma porta-voz dos indígenas”, afiança.

    Joenia Wapichana sabe também que não terá uma tarefa nada fácil. Quando assumir funções, vai encontrar uma Câmara dos Deputados muito mais conversadora e, possivelmente, com um presidente que tem proferido declarações discriminatórias contra os indígenas e quilombolas. Nada que intimide a advogada de 43 anos.

    “Vou tentar usar o meu mandato para requerer e ocupar todos os espaços que a lei me permite. Não é porque sou só uma que não vou conseguir fazer a diferença. Vou para lutar. Conheço as leis e posso usar os meios legais para fazer ouvir os povos indígenas não só de Roraima, mas do Brasil. É este o meu papel. Eu não estou indo para o Congresso brincar”, garante a advogada natural de Truaru da Cabeceira, uma comunidade indígena.

    Antes de Joenia Wapichana tomar posse, muito vai correr ainda na política brasileira. A segunda volta das presidenciais está marcada para o próximo dia 28 de Outubro. Jair Bolsonaro, de extrema-dieita, vai disputar a eleição com Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT). (Notícias ao Minuto)

    por Pedro Bastos Reis

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