Os independentistas catalães voltam hoje a manifestar-se em Barcelona pela criação de uma República independente e pela libertação do que chamam “presos políticos”, no dia em que se assinala o primeiro aniversário do referendo unilateral da independência.
As várias concentrações previstas para hoje surgem depois de, em 11 de setembro, um milhão de pessoas, segundo a polícia municipal, terem participado numa manifestação nas avenidas do centro de Barcelona por ocasião de “A Diada”, o Dia da Catalunha.Ocorrem também dois dias depois de confrontos entre polícias e independentistas terem feito 24 feridos e dois detidos no sábado, nas ruas de Barcelona.
Os confrontos ocorreram durante duas manifestações diferentes, uma organizada pelas forças policiais espanholas e outra convocada pelos independentistas, que pretendiam assinalar o primeiro aniversário do referendo de 01 de outubro, marcado pela vitória ao “Sim” à independência da Catalunha.
Os polícias, oriundos de toda a Espanha, manifestavam-se para reclamar melhores salários, mas também para homenagear os agentes que foram destacados em 2017 para impedir a realização da consulta pública de 1 de outubro, motivo esse que indignou os separatistas que organizaram uma contramanifestação.Os independentistas reclamam há muito tempo um referendo regional sobre a independência da Catalunha, em moldes semelhantes aos que foram realizados no Québec (Canadá) ou na Escócia (Reino Unido).
No entanto, a Constituição de Espanha apenas permite uma consulta eleitoral que ponha em causa a unidade do país se for realizada a nível nacional.
O Governo regional liderado por Carles Puigdemont, apoiado desde 2015 por uma maioria parlamentar de partidos separatistas, organizou e realizou um referendo em 1 de outubro de 2017, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.Essa votação teve uma taxa de participação de 43%, dos quais 92% votaram “sim” à pergunta “Quer que a Catalunha seja um estado independente em forma de república?”.
Os “constitucionalistas” (defensores da união com Espanha) boicotaram a consulta, ficando em casa.
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na Comunidade Autónoma na proclamação unilateral da independência.As eleições regionais, que se realizaram em 21 de dezembro último, voltaram a ser ganhas pelos partidos separatistas.
Nove dirigentes independentistas estão presos à espera de julgamento por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa separatista falhada.Os independentistas consideram que os detidos em prisões espanholas pelo seu envolvimento na tentativa de autodeterminação são “presos políticos”.
O principal líder independentista, o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, vive exilado na Bélgica, depois de a Justiça espanhola não ter conseguido a sua extradição da Alemanha, para ser julgado por crime de rebelião.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas. (Notícias ao Minuto)
por Lusa