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    Huambo: Uma cidade que nasce do nada em tempo de mudanças

    Xavier Figueiredo Livro Huambo - Angola (VOA)
    Xavier Figueiredo Livro Huambo – Angola (VOA)

    Huambo é uma cidade angolana que nasceu do nada, fruto de uma confluência de factores políticos e económicos que envolve interesses de vários países e ainda personagens ligadas a uma outra colónia portuguesa, Moçambique.

    Esta é uma das conclusões do livro “Huambo/ Nova Lisboa – Uma cidade criada em condições inéditas, em tempos de mudança” do jornalista Xavier de Figueiredo que foi lançado Quinta-feira em Lisboa.

    Falando á Voz da América Figueiredo disse que a cidade do Huambo foi criada num sítio onde não havia nada, o que é algo de inédito

    A cidade foi também criada numa altura também em que o tipo de colonialismo estava a mudar.

    “A colonização da feitoria e do comercio estava a evoluir para uma colonização agrícola e de povoamento,” disse fazendo notar que este tipo de colonialismo era o q eu permitia a ocupação do “hinterland” de Angola

    “O que se pretendia era alargar o território o mais possível em profundidade par ao interior e fixar as fronteiras,” disse o autor do livro.

    O homem que vai ter grande influencia na decisão de se construir a cidade do Huambo é o governador Norton de Matos  que chega a Luanda em 1912 cerca de dois anos depois da queda da monarquia em Portugal num loca onde existia nessa altura, 1912 uma missão no local onde se viria a construir o edifício da câmara municipal.

    A escolha do local para a construção da cidade, disse o jornalista, tinha contudo sido tomada em 1910 ainda no tempo da monarquia portuguesa quando a missão recebeu ordens para abandonar o local.

    A escolha do local, disse Xavier de Figueiredo, está ligada a dois factores.
    O local é o ponto mais alto do planalto central de Angola, a 1746 metros de altitude e apenas a pouco mais de 300 quilómetros da costa em linha recta.

    Os construtores do Caminho de Ferro de Benguela queriam construir nesse local “as suas grandes instalações oficinais”. Por razões técnicas os construtores dessa linha queriam que essas oficiais fossem construídas no local mais alto do planalto central de Angola.

    Os Caminhos de Ferro de Benguela e a cidade do Huambo, disse Figueiredo, “são irmãos gémeos”.

    Mas sendo os caminhos de ferro uma companhia inglesa as autoridades coloniais portuguesas viam-no com um certo cuidado porque provinham desse país ( e também da Alemanha) “algumas das mais nítidas ambições de se apoderarem de territórios portugueses”.

    “Era preciso que lado a lado com algo que tinha esta identidade inglesa era preciso instalar ao lado um centro de poder político português,” disse.

    Há também outros factores, como nos disse o autor, como o bom clima.
    E è aqui que começam as ligações com Moçambique. Um coronel fez aos planos de urbanização da cidade. Chamava-se Roma Machado, tinha estado onze anos e Xavier Figueiredo descreve-o como um homem fantástico que escreveu contos e memorias sobre a sua presença em Africa.

    Outra figura ligada a Moçambique é Castro Soromenho que foi para Moçambique ainda ano final do século 19 onde foi administrador do Chinde.

    Em 1911 foi transferido para um forte que havia sido construído no sul de Angola.
    “Quando o Norton de Matos chegou a Angola em 1912 optou por este homem como primeiro administrador da recém-criada circunscrição do Huambo, “ disse Xavier de Figueiredo.

    O escritor Fernando Castro Soromenho, filho desse administrador
    Mas há outra figura colonial ligada a Moçambique que traz consigo quiçá uma ligação mais forte. Com ele vieram tropas africanas de Moçambique.

    Trata-se de Paiva Couceiro que vem de Moçambique para promover a ocupação do planalto com tropas “landins” ou seja tropas moçambicanas.

    Na altura havia uma disputa em Angola sobre o território Barotse, hoje integrada na Zâmbia como Barotseland, tendo sido integrada na então Rodésia do Norte pela Inglaterra.

    “Havia na altura uma expectativa de se poder evitar isso ( a integração)e quando se tentou evitar isso ele veio de Moçambique para essa parte, o Bié, com essa companhia de landins,” disse.

    Portugal contudo teve que abandonar qualquer pretensão a esse território.

    Mas é este incidente que leva depois á consciencialização de que há que promover rapidamente a colonização do interior. Huambo é portanto uma cidade que nasce “em condições inédita, em tempo de mudanças”. (voa.com)

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