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    “Há fome camaradas, há pobreza, há mortes sociais que têm de nos preocupar”, diz deputado do MPLA

    O Governo angolano continua a resistir aos sucessivos apelos para declarar o estado de emergência no sul de Angola, apesar dos pedidos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), de organizações não governamentais e de muitos activistas.

    Agora, Álvaro de Boavida Neto, deputado e membro do grupo de acompanhamento do Comité Central do MPLA para a província da Huíla, admite a necessidade de mais investimentos no sector social para um momento que considera difícil.

    “Convém assumir camaradas que o país não está a viver um período bom. Há fome camarada, há pobreza, há mortes sociais que têm de nos preocupar. Aqui particularmente temos a seca como fenómeno natural que afecta determinadas zonas contra o qual devemos procurar soluções para mitigar os efeitos negativos”, afirmou Boavida Neto.

    Este alerta de um deputado do partido no poder surge numa semana em que começa a discussão no Parlamento em torno do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2022.

    Outra voz que se levanta é a administrador do bairro do Kuawa, na periferia do Lubango, Francisco Jaime, quem defendeu a suspensão de todos os investimentos públicos perante um quadro que considera de emergência.

    “O Estado angolano neste momento deveria abandonar todo o tipo de investimento quer em estradas e em outras infraestruturas que leva muitas receitas, essas receitas todas deveriam ser canalizadas para a compra de comida na China e na Índia”, propôs Jaime.

    Por seu lado, o arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Mbilingui, voltou a revelar-se preocupado com a situação de fome na região sul e apelou às autoridades a agirem de emergência para acudir as populações afectadas,

    Depois de visitar o município de Caluquembe, situado no chamado corredor do milho, (Chicomba e Caconda) onde a fome também está a fazer das suas, o líder católico, defendeu ser preciso fazer mais para combater a fome.

    Dom Bilingui vai mais longe e diz mesmo que o combate à fome devia estar no centro das prioridades em Angola.

    “Será que é mais urgente neste momento gastar recursos económicos e financeiros para uma campanha eleitoral quando na verdade os protagonistas principais das eleições são pessoas que estão a morrer? Porque se nós hipotecarmos o futuro de Angola, porque não assistimos não olhamos para aquilo que neste momento faz parte da sobrevivência deste país, não é sobrevivência dos angolanos só os que morrem de fome os que vão ficando debilitado dia a dia por causa da fome, é um caso de soberania nacional”, afirmou.

    Dados

    Entretanto, a o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas voltou a alertar nesta segunda-feira, 8, que o número de pessoas à beira da fome em 43 países subiu para 45 milhões, à medida que a fome aguda aumenta no todo o mundo e Angola é um dos países nessa situação.

    O número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda grave nas províncias angolana da Huíla, Namibe e Cunene poderá passar dos actuais 1,32 milhões para 1,58 milhões até Março de 2022, revelou um inquérito publicado no Lubango pelo projecto de Fortalecimento da Resiliência Alimentar e Nutricional no Sul de Angola, (FRESAN).

    Como a VOA noticiou na altura, o inquérito, inserido no projecto de combate às alterações climáticas apoiado pela União Europeia (UE), é um dos primeiros estudos realizados entre Março e Maio de 2021 sobre o impacto da seca na região sul.

    A escassez de chuvas e os efeitos decorrentes da seca, o aumento generalizado dos preços dos alimentos e a praga de gafanhotos que afectou grandes comunidades da região estão na base da actual situação.

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