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    Governo angolano: “Não existem fricções” entre estados-membros da CPLP

    Ministro das Relações Exteriores de Angola garante que ausência de Presidente brasileiro da cimeira da próxima semana da CPLP em Luanda nada tem a ver com caso da IURD em Angola. Desmente também mal-estar com Bissau

    Entrevistado pela Lusa em vésperas da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre em Luanda nos dias 16 e 17 de Julho, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, considera que não há “fricções” entre os países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que a aproximação entre os Estados-membros é “rara”, quando comparada com organizações semelhantes.

    Questionado sobre a ausência do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, encarada como um sinal do alegado esfriar das relações entre os dois países por conta da situação da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, Téte António garantiu que “não existe fricções entre os Estados-membros da CPLP”.

    “Este é um caso que aconteceu numa Igreja e não tem nada a ver com as relações entre a República de Angola e o Brasil. As agendas dos chefes de Estado não são agendas fáceis e há sempre uma compreensão cada vez que acontece que um ou outro não possa estar presente, mas não existem fricções entre os Estados-membros da CPLP. Pelo contrário, a CPLP tem mantido esta tradição de ser uma organização em que tudo se decide por consenso”, argumentou.

    A mesma resposta foi dada em relação à participação da Guiné-Bissau, face a informações recentes sobre um alegado mal-estar diplomático entre os dois países, depois das críticas que o presidente guineense Umaro Sissoco Embaló dirigiu, no ano passado, ao seu homólogo angolano, João Lourenço, que acusou de interferir em assuntos internos da Guiné-Bissau e de perseguir a família do anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

    O diplomata destacou, por outro lado, que o mandato de Angola da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) será marcado pela criação do pilar económico e empresarial, para o qual contam com o apoio de todos os Estados-membros.

    “A República de Angola gostaria de ver um quarto pilar acrescentado às nossas prioridades actuais, que é o pilar económico e empresarial”, declarou Teté António.

    O ministro das Relações Exteriores de Angola frisou que Angola vai continuar a defender os conteúdos e prioridades já existentes na organização, que completa agora 25 anos de existência.

    Mobilidade e pandemia em debate
    Segundo Téte António, cada presidência é chamada a dar a sua pequena contribuição à vida da organização e à dinâmica que esta vai conhecendo, e, nesse sentido, Angola “conta com o apoio de todos para que se tenha este novo pilar, que constitui, na verdade, parte de um processo de crescimento da organização”.

    O ministro angolano frisou que, entre as questões que vão marcar a cimeira, que acontece num momento de pandemia, encontra-se também a da mobilidade entre os Estados, cujo documento será assinado por todos.

    “Mas não basta termos os documentos ratificados por todos, é preciso vermos na prática como é que esta mobilidade vai funcionar, é aí que os nossos povos vão julgar o bem fundado desta mobilidade que introduzimos”, referiu.

    Relativamente ao Acordo Ortográfico, ainda não ratificado por Angola, Téte António disse que é um trabalho “em progresso”.

    O chefe da diplomacia angolana salientou, por outro lado, que a Declaração Final da cimeira vai trazer uma abordagem sobre a pandemia da covid-19, realçando que é consensual que a solidariedade “é um valor de maior importância nestas circunstâncias”.

    “Como sabemos há uma grande preocupação, sobretudo por parte do mundo em desenvolvimento, relativamente ao acesso às vacinas. A primeira batalha foi o acesso aos materiais de biossegurança e a segunda é o acesso às vacinas e nós defendemos que o mundo só será seguro se todos nós formos vacinados. Não adianta vacinarmos ilhas, (termos) países a isolarem-se e vacinarem-se sem olhar para o resto do mundo”, salientou.

    Sobre um possível apoio de Angola a Guiné Equatorial para assunção do próximo mandato à frente da CPLP, o ministro das Relações Exteriores disse que “esta é uma decisão que será tomada a seu tempo”.

    Será feita “uma consulta entre os chefes de Estado, mas sabemos que, por enquanto, não temos registada nenhuma decisão sobre a próxima presidência, portanto, a seu tempo os chefes de Estado vão decidir”, afirmou.

    Solidariedade com Cabo Delgado
    Instado a comentar a situação em Cabo Delgado, Moçambique, e o apoio da comunidade lusófona, Téte António disse que a cimeira será mais um palco para demonstrar solidariedade dos Estados-membros, porque a situação afeta a todos.

    “Cada um de nós, de forma bilateral ou de forma multilateral, como é o caso de Angola que faz parte da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] temos feito o nosso esforço para que a nossa região, que é a SADC, ajude essa república irmã, que está nessa situação. A vontade política existe e ela é um facto que sempre existiu entre nós”, garantiu.

    A XIII Conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que marca a passagem da presidência rotativa desta comunidade de países de Cabo Verde para Angola, decorrerá em formato presencial.

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