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    Governar um país doente com sabedoria e justiça

    Longe vai o tempo em que os magnatas e o poder faziam e desfaziam. O exemplo de Angola serve para demonstrar que quando se está determinado e ciente de que não há volta a dar aos males que nos afectam, a solução é quebrar a barreira do silêncio e denunciar alto e bom de que isto assim não pode ser. Foi o que o Presidente João Lourenço fez ao constatar que, para governar Angola tinha nas mãos um presente envenenado. Por um lado, uma equipa viciada de governantes do anterior regime, todos eles feitos empresários e dispostos a salvaguardar os seus interesses e por outro, a urgente e necessária tomada de medidas para romper o cerco mafioso que o tornava num servil e humilde senhor de interesses instalados, num país, com valiosos recursos minerais e agrícolas, dilacerado pela fome e a pobreza extrema.

    Com firme disposição e determinação contrariou a lógica dos actos premeditados e accionou um plano semelhante ao homem que sobe o imbondeiro sem escada e consegue atingir o topo da árvore.

    Poucos foram os que deram importância às suas palavras, quando dizia que somos milhões e contra milhões ninguém combate, partindo dum assertivo slogan do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, assim como poucos são aqueles que se julgam invulneráveis à sua promessa de fazer regressar ao país, os biliões de dólares depositados em contas offshore em vários países.

    Accionando a via diplomática, João Lourenço aproximou-se de governos amigos e organizações internacionais, explicando os objectivos do seu governo e manifestou a firme disposição de devolver ao país a normalidade governativa e económica, apelando à colaboração de países amigos e daqueles interessados no investimento industrial e na exploração dos recursos naturais que possui em várias partes do seu vasto território em volume expressivo.

    Com estes objectivos concretizados foi possível ao Presidente desmantelar a teia de interesses e grupos de novos ricos, inseridos na máquina governativa, que se serviam do bolo orçamental como um presente dos deuses do mal, transformando em oportunidades de negócio a gestão pública dos interesses nacionais. É assim que nascem os ministros-empresários, que absorvem a bel prazer todo o conjunto da massa orçamental para satisfazer as necessidades das suas iniciativas empresariais. Por isso temos casos sublimes de grandes empresas a funcionar sem interrupção, com fundos públicos, destinados aos programas falhados e previstos para as pequenas e médias empresas, que nunca chegaram a cumprir o seu real papel no modelo económico angolano. Na prática Angola tem apenas no seu modelo, o Estado, as grandes empresas, o resto do mundo e em última instância, as Famílias, a absorver o resultado das políticas conluiadas dos grandes senhores do poder político. O Estado arregimenta o orçamento, para servir as grandes empresas dos ministros, o Resto do Mundo, para financiamento dos grandes projectos e das parcerias público-privadas, os financiamentos externos e importações e exportações de produtos locais explorados de modo intensivo (petróleo, gás natural, diamantes e outros minerais, pescado, silvicultura, e pouco mais).

    Para estas foi reservado apenas o papel de meros consumidores dos erros políticos e dos ganhos da sua estratégia monopolista, numa espiral de objectivos inversos à ciência económica, mas que constituíam os louros do regime. São os casos dos elefantes brancos na agricultura, no comércio, na indústria, com os pólos industriais, na habitação com as centralidades, construção, com as infra-estruturas débeis, educação, com a formação em massa de quadros mal preparados para a vida activa, saúde, sem capacidade operacional, desporto, sem estratégias definidas e gerido pela marca da incompetência e os transportes, fortemente marcados pela bulimia dos desvios financeiros e sem obra consistente, ao nível das vias de comunicação, tudo isto a obrigar ao novo Chefe de Estado, a assumir a postura de reformador e disciplinador. Na sua missão de criação de um novo Estado, João Lourenço será muitas vezes forçado a tomar decisões antipáticas para corrigir o que está mal e a lançar as bases de uma forma de estar, mais inclusiva e própria de um país que nasceu de várias orientações culturais, mas com um sentido identitário único, no concerto das nações de África e do mundo. O Povo angolano espera ansioso, pelos resultados desta empreitada política ousada e está pronto a vergar-se totalmente à estratégia do líder, por uma Angola livre dos fantasmas do passado.

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