As Forças Armadas da Guiné-Bissau estão “à vontade e satisfeitas” com o trabalho dos militares da Ecomib (força de alerta da comunidade da África Ocidental) estacionados no país após o golpe de Estado de 12 de abril passado.
A satisfação foi transmitida por Daba Na Walna, porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, quando procedia a um balanço da reunião de análise do desempenho das atividades das Forças Armadas, sob o comando do general António Indjai, Chefe do Estado-Maior.
“Nós estamos muito à vontade e satisfeitos com a presença da Ecomib na Guiné-Bissau, porque isso foi decidido ao nível da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). Sabemos que há pessoas por aí que tentam responsabilizar a Ecomib, por tudo quanto o que acontece aqui”, disse o porta-voz das Forças Armadas guineenses, citando o último relatório da Liga dos Direitos Humanos do país.
“Ainda hoje estive a ler o relatório da Liga Guineense dos Direitos Humanos a tentar responsabilizar a Ecomib pelo silêncio em relação aos espancamentos recentes. É bom que fique bem claro que a Ecomib não está aqui para substituir a polícia de ordem pública da Guiné-Bissau”, afirmou Na Walna.
O relatório da Liga Guineense dos Direitos Humanos acusa as autoridades de transição, instituídas na sequência do golpe de Estado, e as forças da Ecomib de silêncio perante “as violações sistemáticas dos direitos humanos nos últimos tempos” no país.
A Liga falava do espancamento, alegadamente por militares, do ex-procurador-geral da Republica Edmundo Mendes e do ex-administrador da região de Gabu José Carlos Monteiro.
“A Ecomib veio a Bissau para garantir a segurança às instituições do Estado e é o que ela tem estado a fazer. A presença da Ecomib não dispensa a atuação das forças de segurança da Guiné-Bissau. Se há quem deva ser responsabilizado seguramente não será a Ecomib, mas sim as forças de segurança da Guiné-Bissau”, comentou o porta-voz do Estado-Maior guineense.
A Ecomib tem cerca de 700 elementos, entre militares e policias, na Guiné-Bissau, oriundos do Senegal, Togo, Nigéria, Burkina-Faso e Nigéria.
Questionado sobre a situação geral da Guiné-Bissau e da segurança em particular, do ponto de vista dos militares, Daba Na Walna disse que “o país está calmo”.
“Relativamente à situação de segurança do país, posso dizer que está calma, só que isto é a Guiné-Bissau, nunca podemos fazer uma declaração estanque, em termos de segurança e estabilidade, mas estamos em crer que, com o Governo de transição, o Presidente de transição e o parlamento, agora a funcionar em pleno, dias melhores virão”, sublinhou Na Walna.
“Espero que continuemos assim nesta estabilidade, ainda que precária, até à realização de eleições gerais”, frisou o porta-voz das Forças Armadas guineenses, relegando para os políticos a marcação da data da próxima votação.
As últimas eleições na Guiné-Bissau foram as presidenciais, no início do ano, mas apenas se realizou a primeira volta, ganha pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que foi deposto pelo golpe militar de 12 de abril, véspera do início da campanha para o segundo turno.
À exceção da CEDEAO, a maioria da comunidade internacional não reconhece as autoridades de transição guineenses. (lusa.pt)