O novo chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola disse ontem, em Luanda, que a organização financeira vai continuar a garantir apoio técnico ao Governo, para a estabilização da economia.
Mário Zamaroczy, que falou à imprensa no final de um encontro com o ministro das Finanças, Archer Mangueira, e com o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, afastou a possibilidade de o FMI prestar assistência financeira a Angola, por, segundo disse, não ter havido, da parte do Governo, nenhum pedido neste sentido.
Mário Zamaroczy sublinhou que a cooperação entre o FMI e Angola “não é de desembolso”, somente de assessoria técnica, “para apoiar todos os esforços das autoridades angolanas, no sentido de implementarem o seu plano de estabilização macroeconómico”.
“Queremos prestar assessoria e orientações às autoridades para assegurar a coerência e todas as medidas e intervenções de políticas que vão levar a cabo, responder com assistência técnica e reforço de capacidades”, sublinhou.
Acrescentou que a visita serve para retribuir o interesse de Angola num programa conjunto com o fundo, além de responder ao pedido de assistência técnica solicitado pelas autoridades angolanas.
O francês Mário Zamaroczy, que substitui no cargo o brasileiro Ricardo Veloso, iniciou, ainda ontem, as discussões iniciais com as autoridades angolanas, focadas nas evoluções recentes macroeconómicas do país. “A nossa missão precisava obter dados actualizados sobre o desempenho económico e as intenções políticas das autoridades, para actualizar o nosso quadro macroeconómico e as projecções”, explicou.
Acrescentou ainda que a deslocação a Angola tem como objectivo, também, compreender “as necessidades do Executivo e identificar formas de apoiar nos esforços de estabilização da economia e preparação do terreno para melhor assegurar o desenvolvimento económico”.
“O Governo está a fazer muitos esforços para alterar a situação económica, para responder aos desafios da economia e, também, está a prepara o seu Plano Nacional de Desenvolvimento, para que o país possa crescer e sair da crise que enfrenta desde o ano passado”, referiu.
O último relatório do FMI, elaborado no quadro da Missão em Angola, ao Abrigo do Artigo IV, recomenda ao Governo a usar eventuais receitas tributárias adicionais para reduzir o atraso nos pagamentos aos fornecedores e reduzir a dívida pública, que deve subir para 73 por cento do PIB este ano.
Angola é actualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, com um volume diário superior a 1,6 milhões de barris. No OGE deste ano, o Governo estimou um valor médio de 50 dólares por cada barril de petróleo exportado.
Entretanto, desde o início do ano a cotação internacional está acima dos 60 dólares, criando um excedente nas receitas fiscais. “Um preço do petróleo mais elevado que o previsto no orçamento pode resultar em receitas extraordinárias que devem ser usadas na regularização mais rápida dos atrasados internos e, ou, na diminuição da dívi-da”, aponta o FMI. (Jornal de Angola)