O Pentágono afirmou que o diálogo continua aberto com o Exército do Paquistão, apesar da tensão surgida depois de os Estados Unidos acusaram Islamabad de estar por detrás dos atentados sofridos pelas suas tropas nos últimos dias.
“Apesar das divergências, o Exército americano não pensou em romper diálogo com o Paquistão, explicou o secretário de Comunicação, George Little. “É uma relação complicada, mas fundamental”.
O almirante Mike Mullen, militar americano de mais alta patente, acusou na quinta-feira, no Senado, a Agência de Inteligência do Paquistão (ISI) de sustentar a violência no Afeganistão ao apoiar a rede Haqqani, um dos grupos mais actuantes do movimento talibã. Os Estados Unidos nunca tinham acusado tão directamente Islamabad de envolvimento em ataques contra países ocidentais.
O chefe do Exército paquistanês, general Ashfaq Parvez Kayani, disse, na sexta-feira, que as acusações “não se baseiam em factos”.
Em conversas com membros do Governo do Paquistão, Washington apresentou provas da ligação entre a ISI e os militantes da Haqqani, informou um oficial americano, que preferiu não ser identificado. Mullen explicou os seus pontos de vista ao general Kayani no dia 17, durante uma reunião em Espanha, segundo o porta-voz, o capitão John Kirby.
“A situação está a piorar no terreno e as acções da rede Haqqani são cada vez mais letais”, afirmou o interlocutor, tendo adiantando que têm tido acesso a mais informações que vinculam a ISI a esses ataques. “Queremos continuar a trabalhar, com base numa colaboração produtiva, com o Exército paquistanês, e isso depende, em grande parte, da sua disposição e habilidade para se desligar de grupos extremistas, como a rede Haqqani”, assinalou Kirby. Mullen acusou ontem a rede Haqqani de ser responsável, com o apoio da ISI, pelo ataque deste mês com um camião-bomba contra uma base da OTAN no Afeganistão, que feriu 77 americanos, pelo sequestro de 19 horas da embaixada americana no Afeganistão e pelo ataque de Junho contra o hotel Intercontinental da capital afegã. Segundo a CIA, a rede Haqqani, aliada à Al-Qaeda, é a facção mais perigosa dos talibãs.
Nos anos 1980, os Estados Unidos abasteceram a rede com armas e dinheiro, para que a mesma lutasse contra as forças soviéticas.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: AFP