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    Cresce o número de mercenários em África

    Mais e mais mercenários atuam no Sudão, na República Centro-Africana e na região do Sahel. E sua atuação tem consequências terríveis, segundo a ONU.

    O número de mercenários em África está a aumentar. As áreas mais problemáticas, são a região do Sahel, o Sudão ou a República Centro-Africana são, sem surpresa, os territórios onde mais e mais mercenários continuam ativos. O alerta foi feito, no início de fevereiro, pelas Nações Unidas, que chamam a atenção para os perigos que estas atividades trazem ao continente.

    António Guterres, secretário-geral da ONU, disse, no Conselho de Segurança, em Nova Iorque, que os impactos das atividades mercenárias são hoje muito claros.

    “A presença de mercenários e outros combatentes estrangeiros exacerba os conflitos e ameaça a estabilidade [em África]. Alguns mercenários vão de guerra em guerra, exercendo o seu comércio letal com enorme poder de fogo, pouca responsabilização e uma completa falta de respeito pelo direito internacional humanitário. As atividades dos mercenários minam o Estado de direito e perpetuam a impunidade”, afirmou o secretário-geral da ONU.

    Quem são eles?

    Informação sobre o número exato de mercenários ativos no continente africano não há. Sabe-se, no entanto, que a sua atividade vai agora mais além do que a queda dos governos.

    “Os mercenários de hoje são maioritariamente africanos”, explica à DW o especialista Martin Ewi, do sul-africano Instituto para Estudos de Segurança (ISS).

    Entre eles estão antigos combatentes do exército líbio, que têm trabalhado para grupos terroristas no Sahel desde a derrubada do governante Muammar al-Gaddafi. Além de ex-oficiais brancos da África do Sul, que foram demitidos após o fim do regime do apartheid. São recrutados, não só por grupos de terroristas que atuam no Sahel, como também por empresas privadas de segurança.

    A exploração de recursos minerais é uma das atrações que move os grupos de mercenários, explica Sorcha MacLeod, membro do Grupo de Trabalho da ONU sobre o Uso de Mercenários.

    “Em áreas ricas em recursos naturais, verifica-se uma presença acentuada de mercenários, que, é claro, têm um interesse direto em prolongar os conflitos aí existentes com o intuito de manter o controlo sobre os recursos minerais”, esclarece Sorcha MacLeod.

    Há como parar os mercenários?

    A solução para travar estes grupos passa, diz António Guterres, pelo reforço dos regimes jurídicos nacionais e internacionais. E para isso, apela, mais países africanos devem juntar-se às convenções já adotadas. Até à data, apenas 36 países ratificaram a Convenção internacional contra o recrutamento de mercenários adotada pela ONU em 1989. Uma fraca adesão também se verificou numa Convenção Africana semelhante adotada em 1977.

    Sorcha MacLeod, membro do Grupo de Trabalho sobre Mercenários da ONU, reforça o apelo.

    “Esperamos que mais Estados, principalmente africanos, se juntem às duas convenções contra a atividade mercenária, pois com uma taxa de países tão baixa a concordar com as regulamentações internacionais, é difícil lidar com o problema”, afirmou MacLeod.

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