Diversos tipos de cancro afectam homens e mulheres de maneira diferente. Entender o porquê de tais diferenças poderá ser, aos olhos de especialistas, uma porta para perceber como se desenvolve a doença e, consequentemente, saber como a combater.
Sexo genético ou sexo hormonal? Esta foi a primeira questão a esclarecer pelos investigadores de Harvard que procuraram perceber porque é que são os homens que mais sofrem com o caso específico do cancro da bexiga.
Para distinguir o sexo feminino do masculino, os cientistas apontam os mamíferos com o par de cromossomas XX e os com o par de cromossomas XY. Ora, habitualmente, aqueles que contam com os cromossomas XX são os que desenvolvem ovários e os com o par de cromossomas XY, desenvolvem testículos, o que leva à questão: serão os pares de cromossomas ou o aparelho reprodutor os maiores influenciadores para o desenvolvimento do cancro em questão?
O teste foi feito em ratos de laboratório, que se dividiram em quatro grupos, alguns dos quais geneticamente modificados: ratos com cromossomas XX e ovários, ratos com cromossomas XX e testículos, ratos com cromossomas XY e ovários e ratos com cromossomas XY e testículos. Após um período de 280 dias, foi possível verificar-se que independentemente de terem ovários ou testículos, eram os ratos com o par de cromossomas XY aqueles que mais sofriam com o cancro da bexiga, muitos dos quais morreram durante o estudo.
Esta primeira conclusão levou à fase seguinte do estudo: a de analisar isoladamente os vários cromossomas. Daí, os autores do estudo agora publicado no site da instituição de Harvard concluíram que é associado ao cromossoma X que mais surge o gene KDM6A, apontado em estudos anteriores como supressores do desenvolvimento de certos tumores, como os que se desenvolvem em quem tem cancro da mama.
Ora, em indivíduos com o par de cromossomas XX, a presença do gene KDM6A é bastante mais significativa, o que leva a crer ser este o motivo porque são os homens os que mais sofrem com o tipo de cancro em estudo.
Depois da amostra composta por ratos de laboratório, os cientistas passaram para uma amostra humana, onde procuraram a presença do tal gene, que se confirmou, permitindo avançar com a conclusão anteriormente apresentada. (Notícias ao Minuto)
por Mariana Botelho