O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu nesta segunda-feira (5) contra a criação no Oriente Médio de uma “realidade irreversível de um Estado”, no lugar da solução promovida até agora de dois Estados vizinhos – Israel e Palestina.
“As tendências negativas no terreno têm o potencial de criar uma realidade irreversível de um Estado, que seria incompatível com tornar realidade as aspirações nacionais, históricas e democráticas tanto de israelitas como de palestinianos”, declarou o chefe das Nações Unidas.
Durante uma reunião sobre os direitos dos palestinianos, Guterres denunciou que “a contínua construção e expansão de assentamentos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, é ilegal, considerando as resoluções da ONU e o direito internacional”.
“É um obstáculo maior para a paz, que deve acabar e ser revertido”, afirmou sobre os assentamentos que são construídos em terras que os palestinianos consideram parte de seu futuro Estado.
Para Guterres, “não há um plano B” para a solução de dois Estados ao conflito Israel-palestiniano. Esse “é o único jeito de respeitar os direitos inalienáveis do povo palestino e de assegurar uma solução durável ao conflito”, apontou o secretário-geral.
O chefe da ONU também lembrou que sua equipe na Palestina havia “previsto que Gaza se tornará inviável em 2020 ao menos que se tome uma acção concreta para melhorar os serviços básicos e a infraestrutura”. Dois milhões de palestinianos se enfrentam cada dia a uma “infraestrutura que se desmorona, uma crise eléctrica, uma falta de serviços básicos, desemprego crónico e uma economia paralisada”, indicou.
Guterres também pediu a “generosidade” da comunidade internacional para responder às necessidades de financiamento da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), após uma decisão dos Estados Unidos no começo do ano de suspender os envios destinados a esse organismo.
Cinco milhões de palestinianos recebem ajuda da UNRWA no Oriente Médio, “nos territórios palestinianos ocupados, na Jordânia, na Síria e no Líbano”, lembrou. (Afp)
