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    Carteira profissional é um ganho para a classe

    O secretário-geral da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC), Belmiro Carlos, disse que a criação da Carteira Profissional do Artista, cujo processo de introdução decorre com normalidade, é um dos grandes ganhos para a classe, ao longo dos dez anos de paz. Em entrevista ao Jornal de Angola, Belmiro Carlos disse que a carteira funciona como um instrumento de regulamentação de práticas menos correctas dos artistas, pois, como frisou o guitarrista, “os artistas exercem a sua actividade sob um regime disciplinar”. Afirmou que nos últimos anos a música gospel cresceu de forma exponencial. “Muita mensagem positiva foi passada à sociedade. Os músicos, no geral, passaram a exaltar o amor ao próximo.”
    Jornal de Angola – Quais foram os ganhos dos músicos e da música angolana, em geral, nos últimos anos?
    Belmiro Carlos – Incomensuráveis. Há um frenético movimento musical no país. É verdade que há também alguma desorientação, a classe precisa de se estruturar, de se organizar, e isso acontece com a introdução da Carteira Profissional do Artista. Hoje temos verdadeiros profissionais da música. Já temos músicos quase milionários. Há perspectivas de mais e melhor trabalho. Por isso, o movimento musical nacional está vivo e recomenda-se.

    JA – A União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC) recebe do Orçamento Geral do Estado. Que benefícios têm os seus membros?
    B C – A UNAC não é uma unidade orçamentada, mas é verdade que recebe um subsídio do Estado, através do Ministério da Cultura. Um subsídio que está muito aquém das encomendas. Um subsídio que nem chega para pagar os salários do pessoal que presta serviços à instituição. Por isso, todo o apoio social e de solidariedade que prestamos aos nossos associados são suportados por fundos provenientes de outras fontes ou contratos de serviço.

    JA – Que apoios são esses?
    BC –  A UNAC presta assistência médica e medicamentosa aos seus membros, assistência judiciária em caso de conflitos laborais e outros apoios administrativos e sociais.

    JA – Como está o processo de criação da carteira do artista? Esse documento dá dignidade aos artistas?
    BC – O processo de introdução da Carteira Profissional decorre de forma normal e em breve conhecemos novos desenvolvimentos sobre o assunto. A Carteira é sem dúvida um instrumento que confere dignidade, respeito e responsabilidade social, cívica e ética à profissão de artista.

    JA – Nos dias de hoje a quem se pode considerar artista ou músico? Os kuduristas podem ou não ser considerados músicos?
    BC – Os kuduristas são, com certeza, músicos. Temos que aprender a conviver com a diversidade, a coexistir na diferença. O país é rico em estilos musicais e é preciso aplicar políticas de promoção e valorização dos mesmos. Deve haver espaço para todos. O Estado, os empresários e agentes culturais, a rádio e a televisão devem funcionar nessa direcção.

    JA – Que mecanismos a UNAC dispõe para travar a onda de palavras obscenas em música?
    BC – A Carteira Profissional funciona como um instrumento de contenção, ou melhor de regulamentação, dessas práticas, pois que os artistas exercem a sua actividade sob um regime disciplinar. São obrigados a observar um código de ética profissional. Os artistas que pretenderem continuar a usar esses elementos como divisa principal da sua actividade têm que fazê-lo em horas e locais apropriados. É isso que a UNAC quer sugerir ao Executivo.

    JA – E em relação às danças obscenas?
    BC – É a mesma coisa…

    JA – O país viveu mais de duas décadas de guerra, tendo alcançado, há dez anos, a paz. Qual foi o contributo dos músicos na preservação e manutenção desses anos de paz?
    BC – A música gospel cresceu de forma exponencial e com isso muitas almas se salvaram. Através deste género musical, muita mensagem positiva foi passada à sociedade angolana. Os músicos, no geral, passaram a exaltar  o amor ao próximo.  A música é um veículo fulminante de consciencialização de massas e, por isso, os músicos têm directa ou indirectamente participado na preservação da paz que gozamos hoje.

    JA – O prémio “Semba D’Ouro”, consagrado à promoção do semba, deixou de constar da agenda da UNAC?
    BC – O prémio Semba d’Ouro sim, devido à sua carga egocêntrica. Mas no 30º aniversário da UNAC atribuímos diplomas de honra aos “Pilares da Música” e de outras disciplinas artísticas.

    JA – Uma vez que o país festejou, recentemente, uma década de paz e reconciliação nacional, que mensagem deixa sobre estes anos de paz?
    BC – Todos os angolanos são chamados a preservar essa grande conquista. A paz é o único factor capaz de nos empolgar para novos e cada vez mais arrojados sonhos.

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