Sábado, Maio 4, 2024
17.2 C
Lisboa
More

    Busca de mandantes dos ataques no norte de Cabo Delgado

    Savana

    Trapalhada policial já inclui chefes do garimpo ilegal

    Depois de André Hanekon, de ugandeses e de jornalistas, o Comandante-Geral da Polícia diz agora que o grupo é financiado por chefes de garimpeiros ilegais corridos de Montepuez

    O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, anunciou, na sexta-feira da semana passada, no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, uma nova conclusão em torno do “trabalho investigativo” sobre a génese e objectivos dos grupos armados que, desde Outubro de 2017, têm estado a aterrorizar várias aldeias daquela província. É uma nova descoberta em torno de quem afinal são os mandantes da destruição e chacina em curso.

    Com efeito, depois de as culpas terem recaído sobre Andre Hanekon, mais tarde em um grupo de dois cidadãos ugandeses detidos em Nampula, agora o Comandante-Geral da Polícia diz que, afinal, os financiadores da organização que tem estado a plantar terror são (também) chefes de garimpeiros.

    E explica: São garimpeiros expulsos do garimpo ilegal em Montepuez, particularmente em Namanhubir, numa operação das Forças de Defesa e Segurança que teve lugar em Abril de 2017.

    De acordo com Bernardino Rafael, seis meses depois de expulsos de Namanhumbir, os chefes do grupo zangaram-se e juraram virar inimigos do “desenvolvimento de Moçambique”. É assim que decidiram criar e financiar grupos atacantes.

    “Foram esses que estavam como cabecilhas dos criminosos que pegavam a nossa pedra (pedras preciosas) aqui e iam entregar no litoral para iniciar viagem de trafico para fora do país, tudo a partir daqui (Montepuez). Eram garimpeiros, sobretudo os cabecilhas, eram eles que comercializavam as nossas pedras preciosas, particularmente o rubi. E com o ódio por causa da operação que nós fizemos contra o garimpo, começaram a combater-nos. Viraram nossos inimigos” – explicou Bernardino Rafael, a uma audiência composta pela população local. A reunião dirigida pelo Comandante-Geral visava pedir colaboração da população na manutenção da segurança e ordem públicas.

    O chefe executivo da Polícia da República de Moçambique até sabe como é que as transferências monetárias para o pagamento do serviço de terror, assim como para aliciar novos jovens para o grupo são feitas. Diz que maior parte das transferências, senão todas, acontece via mpesa, um serviço de pagamentos móvel bastante usado no país.

    “Nós temos que ser vigilantes, desmantelar, combater e denunciar essas pessoas que transferem valores através de mpesa aqui em Montepuez para os malfeitores. Temos que desmantelar aqueles que querem recrutar jovens para fileiras dos malfeitores” – exigiu o dirigente.

    Nesta ordem de ideias, Bernardino Rafael sugere mais vigilância no sentido de se impedir que o grupo faça transferências monetárias via mpesa para os atacantes. Só assim é que se pode acabar com a situação, segundo entende ele.

    “Só a partir do desmantelamento nas cidades e vilas e, sobretudo aqui (Montepuez), podemos controlar aqueles indivíduos que assassinam, matam e queimam residências dos moçambicanos” – acrescentou.

    Em finais do ano passado, o Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança insurgiu-se em torno do facto de os atacantes continuarem as suas incursões sem que as autoridades saibam, objectivamente, as reais causas, interesses, motivações e reais financiadores da organização criminosa.

    Depois da crítica de Filipe Nyusi, a Polícia não conseguiu trazer informação substancial. Trouxe, isso sim, Andre Hanekon e, mais tarde, dois homens de nacionalidade estrangeira detidos em Nampula. Mais tarde juntou jornalistas aos grupos atacantes e instigadores de violência.

    Tendo em conta os resultados que eram publicamente apresentados, a investigação das autoridades mais pareciam acções de busca, a todo o custo, de quaisquer rostos para amainar as críticas públicas.

    Aliás, em torno disso, sem matéria para iniciar a instrução contraditória do processo contra “jornalistas instigadores da violência” em Cabo Delgado, uma das secções do tribunal provincial decidiu adiar a audição dos acusados, no caso, os dois jornalistas da Rádio Comunitária Nacedje.

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Jovens tentam legalizar novo partido em Angola

    Em entrevista à DW, Luís Castro, coordenador do Partido Liberal, diz que o movimento de centro-direita resulta da não...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema