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    Bonga aconselha jovens talentos a fazerem música com qualidade

    O músico angolano Barceló de Carvalho “Bonga” aconselhou hoje, quarta-feira, em Luanda, os jovens artistas no sentido de apostarem na produção de músicas com elevado grau qualitativa em termos rítmicos de mensagens, como forma de valorizar e promover, cada vez mais, à cultura angolana.

    Músico angolano Bonga (Foto: Clemente Santos)
    Músico angolano Bonga (Foto: Clemente Santos)

    Em entrevista exclusiva à Angop, Bonga, que fez uma abordagem exaustiva sobre o mercado musical angolano, afirmou que só publicado trabalhos de qualidade se poderá concorrer com outros mercados, nesta senda da globalização.

    “Não basta dizermos que temos x discos no mercado quando não trazem nada de novo ou então estarmos a apregoar que realizamos um espectáculo no país x, cuja casa esteve completamente lotada. Temos que ter uma base no nosso país, porque a internacionalização do produto angolano, da marca Angola começa dentro de portas”, disse.

    Segundo o artista, a criação de um espaço no mercado angolano fará com músico consiga conquistar também lugar fora de portas. Bonga afirmou ainda que “não é o patrocínio que faz o artista mais o talento”, realçando que quando se tem talento se tem meio caminho percorrido para se concretizar os objectivos proconizados.

    José Adelino Barceló de Carvalho nasceu em Quipiri, na província do Bengo, a norte de Luanda, em Angola. A família tratava-o carinhosamente por Zeca. A sua infância foi passada em bairros como os Coqueiros, Imgombotas, Bairro Operário, Rangel, e no Marçal. Aí vive-se um ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, marginalizadas pela dominação colonialista presente na época.

    O folclore dos musseques (bairros pobres) cedo fascinou o pequeno Zeca e por isso começou a frequentar e a participar das turmas dos bairros típicos de Angola, onde iniciou a sua actividade musical. Foi no bairro do Marçal que fundou o grupo “Kissueia”. Bonga resolve criar o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, numa época muito conturbada.

    No desporto

    Barceló de Carvalho “Bonga” sempre se sentiu atraído pelo atletismo. Tudo começou ainda muito jovem quando revelou perante os seus amigos do bairro ser o mais rápido nas corridas e nas fugas. Depois começou oficialmente a correr no São Paulo do Bairro Operário, rotulado pejorativamente como o “club dos pretos”. Ingressou no Clube Atlético de Luanda.

    Em 1966, com 23 anos de idade, depois de ter alcançado os maiores títulos de Angola em 100, 200, e 400m, a sua entrada em Portugal dá-se aquando de um convite do Sport Lisboa e Benfica, que se deveu às suas múltiplas vitórias nos campeonatos em Angola. O objectivo deste convite é a prática semi-profissional de atletismo. É entre 1966 e 1972 que Bonga atinge por sete vezes o estatuto de campeão e permanente recordista de atletismo: onze internacionalizações nos 400 metros, nos 200 e 400 metros na taça da Europa de 1967, nove nos 4 x 400 metros e seis nos 200 metros, além de várias vitórias em torneios, tal como o prémio de Viseu em 1968 (400 metros), o Torneio Toddy em 1969 (100 metros), o II Grande Prémio das Festas de Santo António.

    Carreira musical

    Em 1972, na Holanda lança o seu primeiro álbum “Angola 72”, onde canta a revolução e o amor à pátria. É por esta altura que Barceló de Carvalho passa a chamar-se Bonga Kuenda. Adopta um nome africano que significa “aquele que vê, aquele que está à frente e em constante movimento”.

    Bonga actua pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1973, aquando da celebração da independência da Guiné-Bissau, integrado num espectáculo de homenagem à cultura lusófona. Em Abril de 1974 Bonga lança “Angola 74”.

    Nos anos 80 torna-se no primeiro artista africano a actuar a solo, dois dias consecutivos no Coliseu dos Recreios (Lisboa), símbolo da música portuguesa, é o primeiro africano Disco de Ouro e de Platina em Portugal.

    O seu sucesso estende-se para lá das fronteiras lusófonas e Bonga actua no Apolo em Harlem, no S.O.B. de Nova Iorque; no Olympia de Paris, na Suíça, no Canadá, nas Antilhas e em Macau. O seu sucesso é resultado de um trabalho árduo, intensivo e metódico e de uma imaginação criativa que caracteriza toda a sua carreira.

    A marca Bonga

    Bonga cria uma fusão entre a sua pessoa e a música de Angola, tornando-as indissociáveis e tendo como maior estandarte, o Semba, um ritmo tradicional angolano correspondente ao samba brasileiro, mas precursor deste.

    Bonga também interpretou géneros musicais cabo-verdianos, sendo responsável pela roupagem da coladeira “Sodade” para uma morna, 18 anos antes de Cesária Évora a tornar mundialmente famosa.

    Prémios

    Bonga recebeu inúmeros prémios de popularidade e homenagens relativamente à sua obra, onde conta com distinções várias, medalhas e discos de ouro e de platina.

    Tem manifestado inúmeras vezes a sua solidariedade e altruísmo dando concertos de beneficência para instituições como a MRAR, a Amnistia Internacional, FAO, ONU e UNICEF. Para além disso tem participado em CDs como por exemplo “Em Português Vos Amamos” dedicado a Timor, “Paz em Angola” ou ainda “Todos Diferentes, Todos Iguais”, um marco na luta contra o racismo.

    Tem mais de 300 composições da sua autoria, 32 álbuns, 6 video-clips, 7 bandas sonoras de filmes, e álbuns com inúmeras reedições em todo mundo.

    Os seus temas têm sido interpretados por ilustres artistas como no Brasil Martinho da Vila, Alcione e Elsa Soares, em França, Mimi Lorca, na República Democrática do Congo, Bovic Bondo Gala, no Uruguai, Heltor Numa de Morais, e muitos artistas angolanos da nova vaga. (portalangop.co.ao)

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