O banco de investimento reviu em alta a recomendação para as acções da operadora liderada por Rodrigo Costa para “comprar”. O reforço de Isabel dos Santos “aumenta a probabilidade” de uma fusão com a Soanecom e pode “libertar” 300 milhões de euros em sinergias, diz.
O preço-alvo do Berenberg Bank para as acções da Zon Multimédia permaneceu nos 2,80 euros mas a recomendação passou de “manter” para “comprar”. Para o banco de investimento, a cotada liderada por Ricardo Costa é a operadora de cabo com as métricas de avaliação “mais atractivas”.
No entanto, não são os múltiplos relativamente baixos face aos pares que justificam a subida da recomendação. O que mudou foi o reforço de Isabel dos Santos na operadora, que deverá “promover” uma fusão entre a operadora e a tecnológica da família Sonae – grupo com que tem uma parceria para o retalho em Angola.
Uma eventual fusão entre a Zon Multimédia e a Sonaecom tem potencial para criar sinergias no valor de “pelo menos” 300 milhões de euros, lê-se na nota de análise do Berenberg Bank a que o Negócios teve acesso. E a perspectiva de uma fusão vem juntar-se a uma remuneração accionista que é “robusta” por via do dividendo e sem grandes ameaças pela frente.
Actualmente, a Zon paga um dividendo anual de 0,16 euros por acção, sendo este um valor “seguro”, que “pode ser considerado um valor de base”, segundo o banco de investimento.
O Berenberg estima que 65% do valor das sinergias resultantes da possível fusão é atribuível aos accionistas da Zon. Um pressuposto que permite ao banco calcular que a operação iria incrementar o valor da Zon Multimédia em 0,63 euros por título, refere.
Três indícios de que Isabel dos Santos vai promover uma fusão com a Sonaecom
Na nota de análise que publica hoje, o Berenberg Bank enuncia as justificações que, acredita, tornam “mais provável vermos uma fusão da Zon – Sonaecom, agora”.
O primeiro indicio de que existe a intenção de fundir as operadoras foi dado a 19 de Junho, pelo administradores da Zon Multimédia, quando retiraram a limitação do exercício dos direitos de voto a 10% do capital da operadora, recorda o banco.
Esta retirada permitiu, a quem o desejasse, reforçar no capital da Zon e Isabel dos Santos “assumiu esse papel”, dizem os analistas. O reforço da filha de José Eduardo dos Santos constitui o segundo indício, diz o banco, recordando as compras das participações da Caixa Geral de Depósitos (10,88%), Telefónica (4,918%), Cinveste (2,82%) e, ainda, acções representativas de 0,18% do capital no mercado secundário.
Por último, note-se que Isabel dos Santos tem uma parceria com a Sonae para o retalho em Angola. Esta posição deixa a maior accionista da Zon em posição privilegiada para negociar uma eventual fusão com a tecnológica, já que tem boas relações com a “holding” que detém 55% da Sonaecom.
Hoje as acções da Zon Multimédia estão a subir 2,83% para 2,253 euros e o preço-alvo confere um potencial de valorização de 24,3% aos títulos da operadora. Já a Sonaecom desce 0,73% para 1,265 euros.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
FONTE: Jornal de Negócios