Dados disponíveis indicam que, de 2007 a 2014, a instituição financiou um total de 863 projectos, avaliados em 124,3 mil milhões Kz, com o sector da indústria a destacar-se entre os principais beneficiários.
No quadro do seu posicionamento estratégico até 2017, o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) definiu como prioridade o financiamento dos bancos comerciais com capitais de médio e longo prazo para créditos a projectos complementares de cadeias produtivas até 540,2 milhões Kz (5 milhões USD).
De acordo com o documento que define a estratégia de actuação da instituição, o BDA prevê ainda o financiamento directo de projectos estruturantes acima do equivalente em kwanzas a 5 milhões USD e investimentos indirectos em projectos estratégicos exigentes em capital, através da constituição de parcerias com entidades nacionais e estrangeiras.
A estratégia do banco de desenvolvimento público, fundado a 14 de Dezembro de 2006, passa também, até 2017, pelo investimento em infra-estruturas viabilizadoras de actividade económica em escala e pela alavancagem de recursos no mercado interno e internacional, para suplementar os do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), repassando-os para a economia nacional.
Para o êxito desta estratégia, o BDA vai optar por melhorar e modernizar a organização interna dos serviços, a plataforma tecnológica, os meios materiais e os recursos humanos da instituição, implementando um programa de reestruturação interna.
Outro pressuposto-chave para o sucesso do perspectivado, indica o documento que vimos a citar, é o desenvolvimento de acções de capacitação técnico-profissional de empresários angolanos, com recurso a parcerias e programas de cooperação com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, e documentar as oportunidades de investimentos nos domínios estruturantes e complementares.
Para tal está programada a implementação de um programa de capacitação empresarial e outro de potenciação de investimentos em cadeias produtivas.
Mais de 124 mil milhões Kz em crédito
Dados constantes do documento em que está plasmada a estratégia de actuação do BDA até 2017 dão conta de que, de 2007 a 2014, a instituição financiou um total de 863 projectos, avaliados em 124,3 mil milhões Kz.
Do crédito disponibilizado, 43,0 mil milhões Kz (35%) destinaram-se a 544 projectos agrícolas, 17,7 mil milhões Kz (14%) a 189 projectos ligados ao comércio e serviços, enquanto à indústria couberam 63,6 mil milhões Kz, mais de metade do total do financiamento (51%) para 130 projectos.
O BDA explica que os seus programas de financiamento estiveram estruturados em 8 subsectores – produção vegetal, pecuária, mecanização, indústria dos materiais de construção, indústria alimentar e de bebidas, outras indústrias transformadoras, comércio e serviços, e programas especiais – que englobavam um total de 34 programas de financiamento, “de forma a melhor executar as prioridades no âmbito da estratégia do Executivo”.
Banco tem sido excluído na definição de políticas
A falta de envolvimento e auscultação do BDA nos processos de definição de políticas e tomadas de decisão atinentes ao sector real da economia, a par da insuficiente coordenação e entrosamento entre os diversos organismos e entidades intervenientes na promoção e fomento da actividade económica, foi apontada pela administração da instituição como uma das condicionantes da actividade do banco.
A ausência de uma classe empresarial com competências de gestão (know-how), a incipiente implementação de mecanismos de protecção do crédito agrícola e dos produtores (tais como a política de preços mínimos, compras governamentais e seguro agrícola), a falta de realismo dos projectos e planos de negócios que são submetidos ao BDA, a fragmentação dos circuitos comerciais e o fraco conhecimento do negócio pelos promotores são também factores que condicionam o normal desempenho da instituição.
Fazem ainda parte dos factores a concorrência desleal em alguns sectores de actividade, a escassez de recursos humanos qualificados para os projectos e dificuldade de obtenção de vistos de trabalho para expatriados, a falta de idoneidade por parte de alguns promotores, desvio e/ou alterações da finalidade das rubricas financiadas ou do objectivo do financiamento, bem como a deslocalização dos projectos sem prévia comunicação ao banco, entre outros.
“Com vista a dar resposta a um conjunto de constrangimentos que têm influenciado negativamente no bom desempenho dos projectos e consequentemente dos programas, o BDA está a proceder à restruturação dos seus programas de financiamento, visando alinhá-los à nova estratégia do banco e torná-los mais eficientes, coerentes, abrangentes e adaptáveis à actual realidade socioeconómica do País”, lê-se no documento. Para o efeito, acrescenta, de forma a conferir maior flexibilidade aos candidatos ao crédito, propõe-se alteração das modalidades de financiamento, designadamente os períodos de carência, prazos de reembolso e garantias. (expansao.ao)
Por: Francisco de Andrade