O presidente daquela instituição bancária disse, em entrevista ao Semanário Económico, que a medida avançada pelo BMA não é uma decisão dos accionistas, mas uma estratégia interna que visa a boa gestão do banco
O Presidente do Conselho de Administração do Banco Millennium Angola, António Gaioso Henriques, disse que a sua instituição decidiu restringir o acesso aos cartões visa, tanto para créditos como para débitos mas que não cancelou a sua emissão.
“O banco apenas deixou de atribuir na mesma dinâmica com que vinha fazendo anteriormente e passou a decidir a atribuição de novos cartões de uma forma centralizada”, explicou o responsável.
António Henriques que falava em entrevista exclusiva ao SE, realizada recentemente, na sede do BMA, assegura que o banco continua a emitir cartões aos seus clientes e justifica as razões que levaram as restrições da emissão dos cartões.
“Nós continuamos a atribuir cartões a bons clientes que justifiquem e, portanto, deixamos de facilitar a utilização de cartões a todos os clientes”, disse, justificando que, a utilização destes cartões traziam no exterior uma utilização de divisas avultadas para o banco e, portanto, provocava uma grande pressão na gestão das divisas que o banco tem para disponibilizar aos seus clientes nas transferências e nas cartas de créditos para a economia real.
O gestor bancário fez saber que a medida avançada pelo banco não é uma decisão dos accionistas, mas uma estratégia interna que visa a boa gestão do banco.
“A nossa componente de cartões chegou a ter um montante muito expressivo na utilização. Os cartões são utilizados no estrangeiro e depois o banco tem compromisso de liquidação das compras que os clientes fazem no exterior”, disse.
Sublinhou que, o BMA teve uma componente de cartões e que há dada altura, começaram as restrições cambiais e, portanto, o banco teve de cortar para se direcionar para os sectores considerados estratégicos pelo Banco Nacional de Angola, nomeadamente a sexta básica, medicamentos, indústrias petrolíferas.
BMA disponibiliza 340 mil cartões
O BMA começou a suas actividades, como banco de direito local, a 5 de Abril de 2006 e com três balcões em Luanda. De lá para cá, já disponibilizou 340 mil cartões entre visas e multicaixas, segundo o presidente da Comissão Executiva, que limitou-se a dar dados no geral.
António Henriques assegurou que a disponibilização de cartões representou para o banco um valor avultado e aceitável, mas não revelou a quantidade
“Não tenho aqui o registo dos montantes que isto representou, mas é bastante considerável”, disse.
No sector da expansão da rede bancária, o responsável assegurou que o banco continua a abrir uma média de cinco sucursais por ano. Para 2015, disse, estão previstas abrir cinco sucursais novas e que tudo vai depender das oportunidades que surgirem nas localidades que serão identificadas para os efeitos.
5.741 milhões de kwanzas em resultados líquidos
Recentemente o BMA revelou ter alcançado, durante o exercício económico de 2014, resultados líquidos na ordem dos 5.741 milhões de kwanzas representando um aumento de 868 milhões de kwanzas, comparativamente a 2013, em que foram contabilizados, 4.873 milhões de kwanzas, resultando num aumento de 18%.
O rácio de solvabilidade registado pelo banco, no final de 2013 e 2014, fixou-se em 13,3% e 13,8%, respectivamente. A carteira de crédito a clientes do BMA cresceu, de 32% em 2013 para 45%, o correspondente a 39 mil milhões de kwanzas em 2014, o que segundo o banco, se reflete no crédito mal parado.
O BMA tornou-se, em Maio deste ano, membro da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), depois de assinado um contrato que o habilita a transaccionar títulos emitidos pelo Estado neste novo mercado organizado. O contrato vai permitiu ao banco começar a participar em nome dos seus clientes, nos Mercados de Registo de Títulos do Tesouro, no Mercado de Transacções por Grosso e também no Mercado de Transações em Contínuo.
O Millennium tornou-se assim, o terceiro membro da BODIVA depois do Banco Angolano de Investimento (BAI) e o Banco de Fomento de Angola (BFA), actualmente, as únicas instituições que podem receber ordens de qualquer cidadão no sentido de adquirir ou vender títulos de tesouro. (semanarioeconomico.ao)