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    Angola: Guilherme Mampuya – Um homem talhado para arte

    (Angop)
    (Angop)

    Luanda – Há oito anos, Guilherme Mampuya “engavetou” a função de assessor jurídico para lidar com papel, tinta, madeira e outras ferramentas tecnológicas essenciais à criação de peças sobre diferentes momentos da história.

    A mudança de ares e estratégias deste profissional, de 40 anos de idade, é resultante da urgência gritante de ser um homem livre, como narrou o próprio artista, sentado à mesa de um dos hotéis da cidade capital, em entrevista exclusiva à Angop.

    O autor explica que, apesar da firme convicção, a decisão foi desaprovada pela família, que jamais quis acreditar nele, quatro anos após a guerra civil no país e depois de ter conseguido um emprego seguro. Persistente, Mampuya avança que se fez à estrada, levou à histórica Praça do Artesanato o que de mais belo adquiriu no ateliê do mestre Avelino, situado no bairro Palanca. “Os meus clientes diziam que os meus quadros não deviam estar ali”, explicou o pintor.

    “As opiniões eram sinceras e encorajadoras, de tal forma que passei a investigar mais sobre as Belas Artes”.

    Passado alguns anos, Guilherme Mampuya decidiu, em Novembro de 2006, expor a amostra “Arco-íris”, na Galeria Humbi Humbi, em Luanda.

    A colecção, muito elogiada pelos visitantes, não chegou a ser adquirida. “Foi um fiasco total”, pelo facto de ser um artista anónimo. Porém, um mês depois transladou as telas para um hotel, onde pessoas entendidas na arte compraram os quadros. Uma delas foi a corretora de imóvel Isabel Santos, que pagou, na altura, 150 mil kwanzas por três obras. “Foi a primeira cliente que pagou o justo valor (do meu trabalho). Depois apresentou-me outros clientes que se tornaram fregueses habituais”, explicou Guilherme.

    A decisão de Mampuya, criticada inclusive pela sua esposa, passou a ser encarada com mais naturalidade, à medida que o reconhecimento aumentava entre os aficionados pela arte plástica. Graças a sua persistência, surge Emílio Pinheiro e angaria algumas obras. O mecenas, carinhosamente designado por Guilherme, começou a apoiar os seus projectos. “Este encontro, na véspera da minha segunda participação na EXPO, puxou outras coisas. O Pinheiro tornou-se no meu maior coleccionador”, reforçou. “Decidi, em Setembro de 2007, ir apressadamente para Bruxelas. Percorri várias galerias, porém, apenas uma aceitou as minhas obras”, recorda. Para maior surpresa, na cidade belga, a inauguração foi um sucesso. Conseguiu vender algumas telas e a outra parte foi vendida a Jorge Armindo”, avançou o artista, satisfeito com o resultado alcançado no mundo das artes. A arte contemporânea angolana no Museu Afro Brasil No dia 21 de Janeiro de 2014, assinalou-se simultaneamente os dez anos do Museu Afro Brasil e o centenário da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, em Portugal.

    A data foi comemorada com a aclamada exposição “Da Cartografia do Poder aos Itinerários do Saber”.

    Guilherme Mampuya e o conterrâneo Yonamin foram os representantes dos angolanos no evento voltado ao “ambiente triangular” existente entre Portugal, Angola e Brasil. “O Museu tem um acervo incrível, em termos de história da escravatura”. E para fazer parte do elenco convidado a expor, disse Guilherme Mampuya tinha de ser um artista com um trabalho firmado. “A direcção do museu disse-me ser óptimo representante”, afiançou. O artista disse que sobre Angola tem muito (acervo histórico dos antepassados). “O Museu Afro Brasil adquiriu quatro trabalhos meus, isso deixou-me muito feliz, porque quatro ou cinco séculos depois da escravidão, existe uma realidade que não é sobre escravatura; é a liberdade”. O museu tem agora no seu acervo duas singelas mulheres angolanas simbolizando a faceta de Angola. Uma destaca a mumuila autóctone que coexiste num mundo contemporâneo e outra a angolana moderna, sem ligações com os costumes tradicionais.

    Os outros dois quadros, “aproximação etnográfica”, diz ele, “ retrata a mulher Massai e muquichi”. Brevemente, Guilherme vai realizar uma exposição média em Luanda. Depois irá para Portugal inaugurar outra de um coleccionador. Em Setembro estará presente na exposição “África, África” a ser realizada pelo Museu Afro Brasil. O caminho a seguir, no ponto de vista de Guilherme

    “É importante termos aqui um museu de arte moderna”. Para si, chegou a altura de passar dos colóquios, palestras e simpósios à prática, a fim de aumentar o gosto pelas belas artes no jovem.

    “A música hoje tem essa aceitação enorme no país, sobretudo entre a juventude, porque é muito impulsionada. A exposição de nomes famosos ou a vinda de outros artistas plásticos no país, como acontece na música, poderá proporcionar o mesmo incentivo aos jovens. Vejo quadros de 1463, trabalhos valorizados, isso impulsiona-me”, disse.. Para si, a existência de um museu permitirá também que as pessoas possam ver trabalhos feitos pelos grandes nomes da arte plástica angolana, como Vitex, por exemplo. Guilhermr Mampuya Wola nasceu a 04 de Novembro de 1974 na província do Uíge – Angola. Formação 2002: Curso de pintura Básica no Atelier de pintura Avelino Kenga – Luanda 2005: Curso de pintura de retratos no Atelier de pintura Honesto Nkulu – Luanda

    Actividades e exposições

    2005: Membro da UNAP (União dos Artistas Plásticos Angolanos) 2006: Seleccionado a participar no concurso EnsArte 1ª Exposição individual na Galeria “Humbi-humbi”, Luanda 2ª Exposição individual no hall do Hotel Alvalade, Luanda 2007: Janeiro: Participação na Trienal de Artes de Luanda Março: 3ª Exposição individual no hall do Hotel Trópico, Luanda Maio: 4ª Exposição individual na Praça do Belas Shopping, Luanda Setembro: 5ª Exposição individual em Bruxelas, na galeria “Lumieres d’Afrique” Dezembro: 6ª Exposição individual no hall do Hotel Trópico, Luanda 2008: Março: 7ª Exposição individual no hall do Hotel Alvalade, Luanda Agosto: Vencedor do Grande Prémio de Pintura EnsArte 2008, Luanda 2009: Outubro: 8ª Exposição individual em Bruxelas, na galeria “Lumieres d’Afrique” 2010: Outubro: 9ª Exposição individual no hall do Hotel Trópico 16 Abril: 10ª Exposição individual na galeria “Humbi-Humbri”, Luanda 29 Abril: 11ª Exposição individual na galeria “Bernardo Marques”, Lisboa Julho: 13ª Exposição individual no hall do Hotel Alvalade, Luanda Outubro: 14ª Exposição individual na praça do Belas Shopping, Luanda Novembro: 15ª Exposição individual no hall do Hotel Alvalade, Luanda 2011: Fevereiro: 15ª Exposição individual no hall do Hotel Alvalade, Luanda. (portalangop.co.ao)

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