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    Angola/Brasil: IURD no pomo da discórdia

    Em Angola o governo procura solução para resolver o diferendo que opõe os bispos angolanos e brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD, deputados defendem cancelamento da licença e da actividade religiosa desta igreja fundada no Brasil pelo bispo Edir Macedo.

    O governo angolano e deputados da Assembleia Nacional debateram nesta segunda-feira (27/07) a situação de conflito interno no seio da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola – IURD – com o objectivo de encontrar uma solução, que evite um conflito político e diplomático com o Brasil, informaram fontes do governo.

    A comitiva do executivo angolano, chefiada pela ministra do Estado para os Assuntos Sociais, Carolina Cerqueira e Francisco Queiroz, Ministro da Justiça e Direitos Humanos reuniram-se à porta fechada com os deputados da Assembleia Nacional.

    Após o encontro Francisco Queiroz afirmou esta segunda-feira (27/07) que o conflito entre angolanos e brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus não é um problema político ou diplomático e apelou a que se aguarde pelas decisões da justiça.

    Carolina Cerqueira, em declarações à imprensa, na semana passada, afirmou que o executivo procura encontrar uma solução, não apenas do ponto de vista religioso, mas também que se evite um possível conflito político e diplomático com o Brasil.

    No entanto, alguns deputados são de opinião que este é um assunto de justiça.

    Para o deputado do MPLA Mendes Monteiro Bartolomeu “a PGR deverá imediatamente assumir o seu papel, investigar para depois então submeter as denúncias aos tribunais, é aí que está a razão da questão”, disse, salientando que na sua opinião “o que nós esperamos é que os deputados possam apenas dar um conselho, ouvir em primeiro lugar aquilo que executivo trouxer, mas que não haverá nenhuma decisão, porque não é uma matéria que tem a ver com Assembleia Nacional”.

    Já o deputado independente (ex CASA-CE) Lindo Bernardo Tito defende o cancelamento da licença da IURD em Angola.

    “Quando uma determinada confissão religiosa viola os direitos fundamentais, a vasectomia é uma clara violação dos direitos fundamentais. A outra questão é também a existência de indícios relativamente à prática de actos de corrupção, de branqueamento de capitais, de lavagem de dinheiro, tudo isso concorre para o cancelamento da actividade da IURD. Quero que essa reunião traga ao país uma decisão”, reforçou.

    O conflito interno no seio da IURD em Angola tem provocado tensões entre os dois países, com envolvimento directo de ambos os governos.

    O embaixador do Brasil em Angola, Paulino Franco de Carvalho, afirmou neste fim-de-semana, em entrevista à Lusa, que o presidente angolano garantiu ao seu homólogo brasileiro, que o diferendo na Igreja Universal do Reino de Deus terá o “tratamento adequado” e reiterou a “excelência” das relações entre os dois países.

    O conflito na IURD em Angola, que se arrasta desde Novembro do ano passado, agudizou-se no mês passado com a tomada de vários templos por parte de bispos e pastores angolanos da Comissão de Reforma da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que acusam a ala brasileira de crimes e práticas contrárias à religião.

    Segundo a Comissão de Reforma, entre os dias 22 e 23 de Junho deste ano, os pastores “imbuídos de espírito de fé e bravura, decidiram pôr fim às más práticas perpetradas pelo Senhor bispo Honorilton Gonçalves, nomeadamente racismo, arrogância, abuso de poder e de confiança, que culminou com o resgate efectivo dos templos e locais de culto nas 18 províncias de Angola”.

    Os angolanos acusam os brasileiros de irregularidades e práticas contrárias à religião como a vasectomia, racismo e discriminação e romperam, em Novembro do ano passado, com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves.

    Em Dezembro de 2019, a Procuradoria-Geral da República angolana instaurou dois processos-crime contra a IURD, tendo como base as denúncias feitas por pelo menos 300 pastores angolanos, subscritores do documento.

    O caso dos desentendimentos entre as alas angolana e brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus, actualmente alvo de investigações na justiça, e que já se traduziu em ocupações de templos e em múltiplas queixas, veio também a ser motivo de correspondência entre os dois chefes de Estado do Brasil e de Angola.

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    FonteRFI

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