Angola encerra o ano com uma taxa de juro básica a rondar os 16,5%, a mais alta a nível dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), apurou o Mercado com base nas informações recolhidas do Trading Economics.
De acordo com a consultora internacional, Malawi e Moçambique compõem a par de Angola, o top três dos países com as taxas de juro básicas mais elevadas da região fixando-se na ordem dos 16% e 15%, respectivamente.
Já Países como, a ilha Maurício, Botswana e Namíbia apresentam as taxas mais baixas da região, situando- se nos 3,5%, 5% e 6,75%, respectivamente. Contas feitas, a taxa de juro básica de Angola encontra- se 13 pontos percentuais(pp) abaixo de Maurício, 11,5 pp do Botswana, e cerca de 9,75% da Namíbia, calculou o Mercado com base nas informações recolhidas da mesma fonte (ver infografia).
Recorde-se que o Comité de Política Monetária (CPM) reuniu no dia 30 de Novembro em Luanda, tendo decidido manter a Taxa BNA em 16,5%, bem como os coeficientes das Reservas Obrigatórias. Estas decisões resultam do facto de a inflação continuar numa trajectória decrescente, bem como a evolução da Base Monetária, que registou uma contracção na ordem dos 6,36% em termos homólogos.
“Entre Setembro e Outubro, foi transaccionado um fluxo total de 1,52 biliões Kz no mercado monetário interbancário, representando uma diminuição de 342,14 mil milhões Kz(18,3%) face ao período anterior. A LUIBOR, na maturidade overnight, situou-se em 16,7%, o que representou uma diminuição face o nível em que se encontrava no início do ano (17,7%) ”, lê-se no comunicado tornado público pelo BNA.
Sinais positivos para a economia
O mercado de crédito permaneceu em patamares expansionistas, ou seja, segundo dados do BNA, em Outubro de 2018 observou-se um crescimento do crédito em moeda
nacional de 2,04% em relação a Agosto do mesmo ano. No capítulo das divisas, o BNA colocou à disposição dos bancos comerciais, cerca de 1,81 mil milhões USD, mas em termos acumulados, o montante foi de 11,29 mil milhões USD, isto é, acima de 10,75 mil milhões USD em relação ao mesmo período do ano passado.
Ao Mercado, o economista e docente universitário Henriques da Ressureição refere que a decisão do CPM manter a Taxa BNA nos supracitados patamares, apesar de
ser a mais alta da SADC, é positivo para aqueles que constituem os principais objectivos da política monetária da instituição.
“A Taxa BNA é uma ferramenta comumente utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, que no caso de Angola, é o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN). Quando se verifica uma elevação desta taxa, torna o dinheiro mais caro e dificulta o acesso ao crédito. Mas se há uma redução, a intenção é tornar o acesso ao crédito num processo fácil, na perspectiva de dar a possibilidade dos indivíduos e das empresas ampliarem os seus investimentos, e consumirem mais, hoje”, analisa o economista. Henriques da Ressureição considera que para os anos seguintes, a Taxa BNA estará muito dependente daquilo que é o programa de
produção do País em geral, e o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição
das Importações (PRODESI), em particular.
“ Um dos grandes objectivos do PRODESI é deste ajudar no processo de diversificação da economia, aumentando a produção, diminuindo os gastos com bens de primeira necessidade, promovendo a competitividade e melhorando o ambiente de negócios por inúmeras vias. Se todos estes objectivos forem cumpridos, pelo menos uma fracção deles, até 31 de Dezembro de 2018, Angola começará a ganhar alguma “notoriedade” a nível dos mercados internacionais”, acrescenta.
Um nota digna de destaque é a meta estabelecida pela Governo em termos de inflação, isto é, 18%. Ou seja, se encerrarmos o ano com uma inflação a rondar os 18%, é possível que na próxima reunião ordinária do CPM a realizar-se no dia 25 de Janeiro de 2019, o BNA possa baixar a sua taxa de referência.
