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    Senegal: Televisão suspensa após noticiar protestos

    Autoridades senegalesas ordenaram a suspensão das emissões da Walf TV durante 30 dias. Neste domingo, fontes oficiais avançam que 79 cidadãos da Guiné-Conacri foram expulsos do Senegal por participação nos protestos.

    As autoridades senegalesas ordenaram a suspensão das emissões da Walf TV durante 30 dias, até 01 de julho, numa sanção imposta pela cobertura dos confrontos entre manifestantes e forças de segurança,na sequência da condenação do opositor Ousmane Sonko.

    As associações de televisão e de imprensa já se manifestaram preocupadas com a decisão do Ministério da Comunicação, que está em vigor desde 1 de Junho, embora um funcionário da estação tenha afirmado que a notificação só chegou oito dias mais tarde, informaram os media europeus.

    O canal anunciou que uma grande parte dos seus empregados será colocada em situação de desemprego técnico. “É uma grande perda económica porque o Wal Fadjri, antes de ser um grupo de comunicação social, é apenas uma empresa, com salários fixos”, argumentou o diretor da Walf TV, Moustapha Dio.

    O Ministério da Comunicação denuncia “a difusão de imagens violentas que expõem menores, acompanhadas de expressões subversivas e odiosas que ameaçam a estabilidade do Estado”.

    Liberdade de imprensa
    Esta suspensão suscita receios quanto à liberdade de imprensa. “Em todos os países do mundo, em todas as democracias do mundo, quando há notícias, os jornalistas mostram-nas”, sublinhou o meio de comunicação social.

    Também neste domingo (12.06), as agências de notícias avançam que as autoridades senegalesas expulsaram 79 cidadãos da Guiné-Conacri pela sua participação nos protestos.

    “Como sabem, foram proibidas as manifestações no Senegal e, lamentavelmente, algumas pessoas foram mais além e houve violência. Destruíram-se edifícios, etc.”, afirmou o ministro dos Assuntos Exteriores guineense, Morissanda Kouyaté, em declarações ao jornal local Actu Guinéé.

    O ministro indicou que alguns guineenses foram detidos por participar nos referidos protestos e que “o Governo senegalês tinha duas opções: levá-los a tribunal ou expulsá-los”.

    “Dadas as nossas relações de vizinhança, optaram por expulsá-los”, acrescentou. Segundo Kouyaté, os guineenses foram expulsos através da fronteira terrestre entre a Guiné-Conacri e o Senegal por grupos, um de 31 pessoas (19 homens e 12 mulheres) e outro de 48 (18 homens, 18 mulheres e 12 menores).

    Protestos
    Os protestos começaram a 01 de junho e prolongaram-se até 05 de junho na maioria dos bairros de Dakar e das principais cidades do Senegal, depois de ter sido anunciado que o líder da oposição, Ousmane Sonko, foi condenado a dois anos de prisão.

    Pelo menos 16 pessoas morreram nas manifestações, segundo o Ministério do Interior senegalês, enquanto a Amnistia Internacional documentou 23 mortes, incluindo a de três menores.

    A polícia do Senegal afirmou que 500 pessoas foram detidas durante os protestos e que entre os detidos se encontravam menores e estrangeiros.

    Ousmane Sonko foi julgado a 23 de maio, depois de ter sido acusado, no inicio de 2021, por uma jovem de “violações reiteradas” e “ameaças de morte”. O dirigente foi absolvido em tribunal dessas acusações.

    Tribunal
    O tribunal considerou-o, no entanto, culpado do crime de aliciamento de menores, que é aplicado quando se abusa de jovens com idades entre os 18 e 21 anos, de acordo com o Código Penal senegalês.

    A condenação poderia impedir o líder da oposição de concorrer às eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024.

    Sonko denunciou a “instrumentalização” da justiça por parte de Macky Sall, presidente do Senegal desde 2012, com o intuito de o impedir de participar nas eleições.

    Conhecido pelo seu discursos “antissistema”, o líder opositor critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, contando com muitos apoiantes entre os jovens senegaleses.

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    FonteDW

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