Segunda-feira, Junho 3, 2024
26.3 C
Lisboa
More

    Multas milionárias colocam modelo econômico da Meta na Europa à prova

    O modelo econômico da gigante americana Meta, proprietária do Facebook, enfrenta um duro teste na União Europeia (UE), depois de uma nova multa multimilionária do regulador irlandês.

    A Meta é alvo por seu controverso tratamento dos dados pessoais de seus usuários e pela maneira como eles são usados para publicidade direcionada.

    O regulador irlandês multou a Meta duas vezes na quarta-feira em 390 milhões de euros (US$ 410 milhões).

    A Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (DPC) alegou que a Meta violou “suas obrigações de transparência” e usou uma base jurídica errônea “para o processamento de dados pessoais para fins de publicidade personalizada”.

    Esta decisão “pode representar um duro golpe para a Meta”, antecipa Dan Ives, analista da empresa de investimentos americana Wedbush Securities, que estima que o grupo poderá perder entre 5% e 7% do seu volume de negócios no médio prazo.

    A Meta anunciou que vai recorrer, o que dá margem “para atrasar os prazos” enquanto avalia o rumo a tomar, acrescenta este especialista.

    A Europa representa um mercado chave para a Meta.

    O Facebook tinha 303 milhões de usuários ativos diários na Europa no terceiro trimestre de 2022, em comparação com 197 milhões na região EUA/Canadá, de um total de 2 bilhões em todo o mundo.

    E o mercado europeu representou cerca de 21% do volume de negócios publicitários da Meta no mesmo período (47% para a área dos EUA/Canadá).

    Segundo juristas, a decisão do regulador irlandês obriga a gigante americana a pedir aos seus usuários europeus autorização específica para lhes oferecer publicidade direcionada.

    A publicidade direcionada, teoricamente selecionada com base nos gostos do usuário, é há anos um elemento-chave dos grandes players da Internet e das redes sociais.

    Publicidade não seletiva significa menos receita para as empresas.

    “Não há outra solução possível senão pedir o consentimento formal” dos internautas, explica Paul-Olivier Gibert, presidente da Associação Francesa de Controladores de Dados Pessoais.

    A advogada Sonia Cissé, do escritório Linklater, considera que a decisão irlandesa “não põe em causa os modelos econômicos” baseados em publicidade direcionada, como é o caso da Meta.

    “Mas os regula e os limita, claramente”, insiste.

    Para atrair os usuários a concordar com o consentimento, “as empresas precisarão ser mais espirituosas”, prevê.

    – Benevolência –

    A Meta pode pelo menos contar com alguma benevolência irlandesa.

    A agência reconheceu que só sancionou o grupo após receber pressão de suas contrapartes europeias, reunidas no Comitê Europeu de Proteção de Dados.

    O DPC, ao mesmo tempo, recusou-se a abrir uma investigação sobre o conjunto de dados coletados pelo Facebook e Meta.

    “Neste momento existem muitas sanções contra empresas americanas”, diz Cissé, especialista em ações judiciais relacionadas a dados pessoais.

    “As autoridades reguladoras europeias estão muito atentas à proteção dos interesses dos usuários” das plataformas, mas “às vezes me pergunto se não é uma forma de privilegiar as empresas europeias”, acrescenta.

    “Os usuários gostam de receber serviços gratuitos que, por enquanto, as empresas europeias não têm conseguido oferecer”, ressalta.

    Publicidade

    spot_img
    FonteAFP

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    O que está por trás da onda de sequestros na Nigéria?

    A prática dos sequestros na Nigéria evoluiu a tal ponto que passou a ser considerada uma grave ameaça à...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema