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    Manu Dibango na festa do Jazz

    A transposição de barreiras e o resguardo da qualidade na continuidade têm sido os princípios orientadores da organização do “Luanda International Jazz Festival”, que este ano decorre de 27 a 29 de Julho no Cine Atlântico. A quarta edição do festival apresenta um cartaz mais luso-angolano, aposta nos ícones do afro-jazz e retoma a tradição do bom gosto da música negra norte-americana.
    Com um elenco diversificado que absorve a tradição e modernidade, o “Luanda International Jazz Festival” criou marca e prestígio internacional, pela magnitude e consagração dos músicos que pisaram os seus palcos, ao longo das três edições anteriores. Embora tenha o jazz e suas distensões estilísticas como mote principal, o festival tem sido permeável a outros géneros vizinhos, enaltecendo o simbolismo da Música Popular Angolana. De notar que Filipe Mukenga, Dodó Miranda, Banda Maravilha, Waldemar Bastos, Sandra Cordeiro, Simmons Massini, Nanuto, Wyza, Gabriel Tchiema, Emmanuel Kanda, Afrikkanitha, Paulo Flores e João Oliveira, fazem parte do histórico dos músicos angolanos que marcaram, de forma simbólica, a sua passagem pelo festival.
    As notáveis presenças de McCoy Tyner, George Benson, Chucho Valdés, Dianne Reeves, Oliver Mtukudzi, Lura, Lenine, Jonas Gwangwa, entre outros músicos, sobretudo na primeira e segunda edição do “Luanda International Jazz Festival”, acabou por incluir Angola, de forma definitiva, na agenda internacional dos festivais de prestígio, um mérito da organização que resultou da firme persistência e crença no êxito. Salvo a cantora cabo-verdiana Lura, a maior parte destas estrelas nunca tinha pisado o solo angolano, o que julgamos ser um dos grandes méritos da organização.
    António Cristóvão, director do festival, afirmou, na terça-feira, em conferência de imprensa, que “esta edição será superior às anteriores, tanto em termos de artistas, como em relação ao nível de organização. Teremos mais géneros musicais e um melhor alinhamento artístico, vamos insistir nos habituais palcos Palanca e o Welwitschia, mas desta vez teremos um cunho, em termos de geografia musical, mais luso-africano. Importa reter – concluiu o responsável – que a composição dos membros da organização do festival, tem sido cada vez mais angolana”.

    Terceira edição

    A cantora Dee Dee Bridgewater (EUA) foi uma das vozes convidadas da terceira edição do “Luanda International Jazz Festival” e apresentou o seu último trabalho “To Billie With Love: a celebration of Lady Day”, uma homenagem a Billie Holiday, a grande diva do jazz cantado. Considerado um concerto de celebração, a cantora não optou simplesmente pela evocação directa da voz de Billie Holiday, antes propôs uma recriação moderna de parte do seu repertório mais fascinante: “Mother’s Son-in-Law”, “Fine and Mellow”, “Don’t Explain”, “God Bless the Child” e “Strange Fruit”, canções que interpretou no palco do Cine Atlântico. Dee Dee Bridgewater apresentou-se com um quarteto formado por: Edsel Gomez (piano), Kenny Davis (contrabaixo), Lewis Nash (bateria), Craig Handy (sax tenor). Nesta edição apresentaram-se ainda: Moreira Chonguiça (Moçambique), Simmons Massini (Angola), Mayra Andrade (Cabo-Verde), Emmanuel Kanda (Angola), Jonathan Butler (Moçambique), Spyro Gyra (EUA), Rui Veloso (Portugal), DJ Black Coffee (África do Sul), Liquedeep (África do Sul), Black Cooper (África do Sul), e Ismael Lô (Senegal).

    Jornalismo cultural

    Tal como na terceira edição, a organização prevê a realização de um curso de jornalismo cultural que decorre durante o festival internacional e pretende dar aos seus participantes, jornalistas culturais e público interessado, noções gerais de jornalismo e cultura, matérias centradas na evolução do Jazz, desde os primórdios até à contemporaneidade.
    Além da audição de peças musicais mais relevantes da história do Jazz, as quatros sessões contam com a exibição de pequenos documentários em DVD, sobre os movimentos mais importantes do jazz, incluindo os seus músicos mais representativos.
    Durante as dez sessões, que vão das 10h00 as 12h00, constam dos conteúdos programados: noções de jornalismo e cultura, que se desdobram nos diferentes géneros jornalísticos, definições de cultura, no seu conceito objectivo e subjectivo, definição referencial de literatura, semiose literária, terminologia das artes e a designação dos principais instrumentos musicais do jazz. Constam ainda do programa: a génese, evolução e enquadramento histórico do jazz, música religiosa (espirituais e gospels), blues de New Orleans, primeiras gravações em Chicago , o estilo Swing, e as principais correntes estéticas do Jazz.
    Dos principais movimentos e correntes estéticas do jazz, consta a abordagem do Bop, cool e o jazz west coast, os anos da “Blue Note”, o Hard Bop, o impacto do mestre “Miles Davis”, o movimento free, o universo de Coltrane, o percurso do poeta Bill Evans, a irreverência de Charles Mingus, Jazz rock, o world jazz e as novas tendências.
    Os participantes devem dominar noções gerais de jornalismo cultural, história do jazz, rudimentos de teoria literária, incluindo o conhecimento da terminologia específica sobre as artes. Para além do curso de jornalismo cultural, está prevista a realização de workshops de música, que, segundo se lê no prospecto da programação, “fazem parte de um compromisso do festival para o desenvolvimento da música local, sendo um singelo contributo para a formação e treinamento contínuo dos fazedores de música nacionais, brindando-os com a possibilidade de interagir com músicos de outras latitudes, que possuem longa experiência. As séries de workshops promovem afinidades e aproximações entre os músicos angolanos, interessados e participantes no festival, através da transmissão de experiências e sonoridades musicais variadas”.

    Quarta edição

    A quarta edição do festival não quebra, em termos de qualidade e extensão estilística, o cartaz das edições anteriores. Estão confirmadas as presenças de Maceo Parker (EUA), Etienne Mbapp (Camarões), Carmen Souza (Cabo-Verde), Asa (Nigéria), Sara Tavares (Portugal), Manu Dibangu (Camarões), Ivan Lins (Brasil), Boyz II Man (EUA), Ricardo Lemvo (RDC), Stewart Sukuma (Moçambique), Dj Darcy (Angola), Hubert Laws (EUA), Abbdulah Ibrahim (África do Sul), Cassandra Wilson (EUA), e Concha Buika (Espanha). Angola está representada por: Coréon Dú (Angola), Aline Frazão (Angola), Dj Djeff (Angola), Totó (Angola) e o Conjunto Angola 70 (Angola), uma selecção de músicos residentes em Luanda, que tem feito várias digressões pela Europa.

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