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    Luanda, o meu Sentir e o Devir

    Lembrar, entender, reflectir, analisar e projectar faz parte integrante de um exercício de Memória Colectiva e Individual em diversos domínios da narrativa da Vida.

    E as Cidades, feitas de milhares de Histórias traduzem a procura diversa para sentir o que move, moveu ou moverá a Cidade.No caso em concreto falamos de Luanda que celebra mais um aniversário de existência.E não hà Cidades sem Pessoas .Seria uma abstração uma Cidade sem Pessoas e outros suportes.Mas a essência da Vida das Cidades está centrada nas Histórias de Vida que cada Pessoa carrega no Tempo e no Espaço em que circula. Luanda resulta das Mulheres e dos Homens que a habitavam, habitaram, habitam e habitarão.Não se pode ignorar estes factos.

    Sentindo Luanda no dia em que assinala mais um ano de existência, recuo à História da cidade de Loanda, recordo as Histórias vividas em casa e no meio escolar e depois a Revolução, a Guerra Civil e como escreveu o Etnógrafo e Escritor Angolano e Luandense, Luanda é a Luz dos meus Olhos que a minha Cegueira não retirou, citando Óscar Bento Ribas. Muito se escreveu sobre Loanda, depois Luanda e continua a escrever se sobre diferentes perspectivas.Loanda e Luanda correspondem a dois contextos históricos e políticos e da História enquanto disciplina de interpretação factual e outras análises, muito há para dizer, reler, escrever, repensar e fazer.

    Houve quem entendesse que a destruição dos marcos Coloniais tinham que ser destruídos partindo do princípio, suponho, que a Geração que tem hoje 50 e 40 e os seguintes não teriam interesse em reler a História de Loanda e de Luanda. Enganaram se os que pensaram assim.A melhor forma de preservar a compreensão do Passado em todos os seus momentos, é reler e interpretar os desígnios da História no sentido mais lato do termo.

    Decorrido este Tempo histórico, os vários e as fazedoras de Opinião e interpretação Histórica ,deviam Reconstruir o puzzle e pensar sobre o Presente e o Futuro da cidade capital. Creio, que Pensar o Presente e o Futuro de Luanda, é também Pensar o Presente e o Futuro do todo Territorial e o que definem a existir , os Planos Directores Municipais de cara Região em múltiplos dominios.

    O Território angolano como Luanda precisam de ser genuinamente Amados e tratados de forma singularmente Humanista.

    Nada do que se tem passado, revela esse genuíno Amor que se deve ter pelo Nosso Território. Mas no meio do caos, dos diversos cais do Pensamento e da Memória são imensas as coisas que relembro como forma de Esperança quando o abismo parece que vai vencer. O Olhar do Povo inocente , as crianças que brincam mesmo sem saber o caminho do Futuro contagiam e no Tempo das Bessanganas como cantou Paulo Flores e Yuri da Cunha, fica a recordação dos Trajes Tradicionais, mas dos Mais Velhos Pescadores, da Mais Velha Quitandeira e de Olhares sem maldade e sem apego ao múltiplos Egos que imperam na relação com a histórica Cidade de Loanda e Luanda.

    Os vestígios urbanísticos de Loanda são escassos.A histórica casa do Alfredo Troni desapareceu. A Ilha de Loanda e depois Ilha de Luanda atravessou vários caminhos e o Baleizão do Saudoso Tio Tarik dos Santos Aparício fechou as portas, o Teatro Avenida acabou, a Praia do Bispo voa entre opções urbanísticas e a visão dubaiana impera sem se ter conjugado a Cidade Histórica e a Nova Cidade.

    A Lello fechou as portas.Quando na Cidade do Porto a Lello esteve para fechar, uma substantiva Petição Pública não a deixou cair.Está lá para os Amantes dos Livros, da Leitura e da Cultura a par da História. Na capital , na nossa capital a histórica Lello, também conhecida pelo Palácio da Pena, ficou em silêncio e o Singular Mercado do Kinaxixe desapareceu para dar lugar um Centro Comercial, presumo.

    Luanda, precisa de um Espaço físico ao critério de quem Pensa e decide o Presente e o Futuro da Cidade , como um Lugar de Culto de Paz, acessível a toda a População. Luanda precisa desse Lugar como quem respira. Para quem ler estas minhas palavras, dirá mais um utópico a Pensar Luanda.Aceitarei essa leitura,mesmo que não dita aqui neste Espaço. Mas é preciso Sonhar mesmo perante a distância de Refazer a Cidade .É preciso HUMANIZAR a Cidade, Angola no sentido das Mentalidades e criar pontes e denominadores comuns, para Reconstruir a Esperança e o Diálogo tão ausente entre Todos.

    Assumo as saudades do cheiro das Maças da Índia, da Parakuka, do Maboque, das Acácias Rubras, de Olhares de Doçura de muita Gente anónima, das Mulheres, Homens e Jovens sem Voz, mas inquestionavelmente dos Sonhos Adiados irreversivelmente.
    Mas o Santuário da Muxima, Cabo Ledo, o silenciado Museu da Escravatura,a beleza do por do Sol e a Terra vermelha, a nossa Saudosa Culinária, a diversidade da nossa Música, mas o Semba em particular habitam o meu Mundo entre outros Mundos não partilhavéis.
    Luanda no Tempo revisitado e pensado.

    Luandas várias interpelam o meu Sentir e o Devir.

    Luandam Multidões sem destino e Sonhos fechados
    Acácias Rubras por Florir

    Luandamos em Tempos perdidos no Vento do Esquecimento.

    Luandais em Canoas sem rumo e em rios de interrogação e Oração.

    Luandam em diversas contradições, com as devidas excepções num Mar de Multidões.

    Um Abraço com Rosas de Porcelana às Mulheres, Homens, Jovens que ainda Amam Luanda e o Território Angolana na sua extensa Diversidade.

    Por Gabriel Baguet Jr

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