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    Legislativas em Cabo Verde com reforço de medidas sanitárias

    Este domingo é dia de eleições legislativas em Cabo Verde em plena pandemia de Covid-19 e perante um aumento de casos no arquipélago. A Comissão Nacional de Eleições garante que as assembleias de voto são seguras, com álcool gel à entrada, máscaras ao dispor, distanciamento obrigatório, menos eleitores por mesa de voto e mais uma hora para votar e evitar aglomerações. Na corrida eleitoral estão seis partidos – MpD, PAICV, UCID, PTS, PSD e PP – para eleger 72 deputados em 13 círculos eleitorais.

    Este domingo, as assembleias de voto em Cabo Verde abrem às 07:00 horas locais e a admissão de eleitores vai fazer-se até às 18:00.

    A presidente da Comissão Nacional de Eleições, Maria do Rosário Pereira Gonçalves, afirmou à RFI que as assembleias de voto são seguras e disse esperar que a participação eleitoral aumente e que não seja afectada pelo receio de contágio de covid-19.

    “As eleições serão seguras. Estamos a trabalhar para garantir isto mas não dependerá unicamente da administração eleitoral. Há muitos factores externos que nós não conseguiremos controlar que é o comportamento das pessoas e também dos partidos políticos. Penso que se os partidos políticos também tiverem este objetivo de garantir que as eleições serão seguras, as assembleias de voto num espaço seguro, nós conseguiremos”, declarou.

    O número máximo de eleitores por mesa foi fixado em 350 eleitores, para o território nacional. Para garantir a segurança e protecção dos membros das mesas das assembleias de voto foram disponibilizados equipamentos de proteção individual, como máscara cirúrgica, viseira e luvas e é obrigatório o seu uso durante o acto eleitoral.

    Aos eleitores é pedido para respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros nas filas junto às mesas e à entrada é disponibilizado álcool gel para higienização das mãos e máscaras para quem não tiver. Os eleitores dos grupos de risco, nomeadamente idosos e doentes crónicos, são prioritários nas filas. Está, ainda, proibida a venda de bebidas alcoólicas nas imediações das assembleias de voto para evitar aglomerações e será proibido o estacionamento de viaturas em frente às assembleias.

    Para estas eleições, Cabo Verde tem um total de 393.166 eleitores distribuídos no território nacional e na diáspora em 1491 mesas de voto. Desses, 340.582 eleitores estão no território nacional, que conta com 1245 mesas, e 52.584 votam em 246 mesas de 22 países.

    Este ano, devido às restrições de viagens, as eleições vão contar com cerca de 60 observadores internacionais em vez da centena que estava prevista. A delegação da União Africana deveria ter chegado esta quinta-feira, mas houve um problema com uma viagem e já não vêm.

    Seis partidos na corrida eleitoral
    Na corrida eleitoral estão seis partidos – MpD, PAICV, UCID, PTS, PSD e PP – para eleger 72 deputados em 13 círculos eleitorais: dez no país e três na diáspora. MpD, PAICV e UCID concorrem em todos os círculos eleitorais; PP em seis círculos (Santiago Sul, Santiago Norte, Boa Vista, África, América, Europa e o resto do mundo); PTS em seis círculos (Santiago Sul, Santiago Norte, São Vicente, África, América, Europa e o resto do mundo) e PSD em quatro círculos (Santiago Norte, Santiago Sul, África e América).

    As listas contam com 597 candidatos, começando com 15, entre efetivos e suplentes, no círculo eleitoral da ilha do Maio, até aos 168 em Santiago Sul, que inclui a capital, a cidade da Praia.

    As promessas dos candidatos
    Pandemia, crise, diversificação da economia, turismo e transportes foram alguns dos temas mais falados nas últimas duas semanas.

    Ulisses Correia e Silva, Presidente do MpD, acredita que pode ser reeleito primeiro-ministro e que o partido pode conquistar a maioria absoluta apesar da crise provocada pela pandemia.

    “Nós governámos em situação de anormalidade. Nenhum governo, em Cabo Verde, em democracia, teve um contexto tão difícil como nós tivemos e mesmo assim o país avançou e temos condições de fazer avançar muito mais em situação de normalidade. Nós vamos vencer e com maioria absoluta”, declarou Ulisses Correia e Silva.

    Opinião contrária tem o PAICV que acredita poder chegar ao governo. Em tempos de pandemia, a Presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, aposta na saúde como prioridade.

    “A prioridade das prioridades neste momento é garantir-se um país seguro em termos sanitários, portanto, nós priorizamos a vacinação. A nossa meta é garantir a vacinação de 70% da população cabo-verdiana até ao mês de Outubro porque temos de salvar a próxima época turística porque o turismo é o motor da economia cabo-verdiana”, afirmou Janira Hopffer Almada.

    Por sua vez, o presidente da UCID, António Monteiro, aponta a regionalização como o trunfo para viabilizar um governo sem maioria.

    “[A regionalização] será um dos trunfos que nós vamos ter agora depois do dia 18 de Abril para estarmos com possibilidades de viabilizar este ou aquele governo e criarmos as condições para que os partidos todos se sentem à mesa e, portanto, consigamos encontrar a melhor forma de regionalização que o país precisa”, disse António Monteiro.

    Este ano, também o PTS quer mudar o cenário político do país. Cláudio Sousa, presidente interino do partido, acredita que vai conseguir “abrir a sociedade para uma nova realidade política”.

    “Acreditamos que vamos abrir a sociedade para uma nova realidade, mas ainda vivemos uma única realidade. Não estamos num Estado bipolarizado. Ainda estamos num sistema de partido único porque quando estamos a votar no MPD estamos a votar no PAICV e vice-versa”, apontou Cláudio Sousa.

    Face ao choque da pandemia, Amândio Barbosa Vicente, o presidente do PP, considera que a economia deve deixar de estar “atrelada ao turismo”.

    “A diversificação da economia é ter uma economia vinculada a vários outros sectores. Por exemplo, a questão da energia: Cabo Verde tem mar, tem sol. Podemos reformatar a economia de Cabo Verde se, na verdade, tirarmos partido da energia limpa”, declarou Amândio Barbosa Vicente.

    Quanto ao PSD, o presidente do partido João Além diz que a aposta é na saúde.

    “Nós vamos, com certeza, começar pela saúde. A nossa saúde é uma saúde doente porque carecemos de todo o tipo de coisas. Nós teremos que, em primeiro lugar, trabalhar para evitar a transmissão desse vírus aqui em Cabo Verde”, afirmou João Além.

    As últimas eleições legislativas em Cabo Verde ocorreram a 20 de Março de 2016, tendo o MpD vencido com maioria absoluta, ao eleger 40 deputados, o PAICV 29 e a UCID três. O MpD, então na oposição, venceu, na altura, com quase 54% dos votos e afastou do poder, ao fim de 15 anos, o PAICV.

    Além das eleições legislativas deste domingo, Cabo Verde realiza eleições presidenciais em 17 de Outubro.

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    FonteRFI

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