Mercado
De 2017 ao primeiro trimestre do corrente ano a importação de alimentos custou as reservas internacionais cerca de sete mil milhões USD. Para os próximos meses as reservas poderão não mais suportar as importações.
Nos últimos dez anos o País gastou 40 mil milhões USD para importar bens alimentares segundo revelou o presidente da Associação Industrial, José Severino.
Valor que, como aponta, serviria para investir em infra-estrutura e no fomento da produção interna, caso os importadores, principais superfícies comerciais e grossistas, tivessem optado por adquirir os bens ou parte destes no mercado interno.
José Severino falava durante a conferência sobre a sustentabilidade das reservas internacionais realizada recentemente em Luanda. Na ocasião o associativista industrial defendeu a priorização da produção interna uma vez que o nível actual das reservas apenas garante três meses de importação, situação que considera insustentável.
“Se essas reservas garantem pelo menos 3 meses de importação é porque o rácio de consumo baixou radicalmente, porque se tivéssemos mantido o rácio de a quatro anos elas nem sequer aguentariam dois meses” Alerta ainda que se o preço do petróleo no mercado internacional voltar a baixar significativamente nos próximos meses as reservas não poderão fazer face as necessidades do País.
De igual modo o administrador do Banco Nacional de Angola, BNA, Pedro Castro Silva, defendeu a urgência do processo de diversificação da economia nacional para promover a substituição das importações de bens alimentares no curto prazo.
Nos últimos dois anos o País gastou cerca de sete mil milhões USD, com recurso as reservas internacionais, para a importação de bens alimentares sendo que deste valor cerca de 40% serviram para a importação de produtos da cesta básica. Um valor considerado excessivo quando comparado a realidade de países como Moçambique que gasta anualmente cerca de 200 milhões USD.
Dada as progressivas diminuições que as reservas vêm registando, o administrador apela a substituição das importações de produtos da cesta básica pela produção local, mas reconhece ser difícil substitui a importação de serviços no curto prazo.
Ainda segundo dados do BNA, de 2014 a 2018 mais da metade das divisas vendidas ao mercado tiveram como destino a importação de mercadorias ao passo que as despesas de capitais apenas representaram 2% do total de divisas vendidas. Diante deste cenário, o administrador considera que o País deve elevar o peso da agricultura no PIB aos níveis médios da África Subsariana, passando dos actuais 6% para os 16%.
Ainda em termos comparativos destaca que países como a Nigéria e Moçambique fixam o peso da agricultura no PIB acima do 20%. Longe da autossuficiência, mas com capacidade produtiva Em época de colheita da campanha agrícola 2018, produtores apontam que a produção local tem registado aumento apesar dos inúmeros desafios que o sector ainda enfrenta como a falta de sistemas rega, falhas na distribuição e condições de armazenamento.
De acordo com o agrónomo e fazendeiro António Camosse não há dados oficiais e consolidados da produção nacional, o que dificulta a elaboração de políticas que facilitem a utilização assertiva destes recursos. O programa de quota de importação não tem sido eficaz, devido a falta de estatísticas reais da produção nacional.