Censura ou repressão do antissemitismo é a questão, em França. A tournée do humorista Dieudonné, várias vezes condenado por racismo, corre o risco de não acontecer: os espetáculos estão a ser proibidos em várias cidade, após uma circular do governo, que receia “transtornos da ordem pública”.
A intervenção do presidente da República veio aumentar a polémica. “Peço aos representantes do Estado e, em particular, aos prefeitos [equivalente aos extintos governadores civis], que sejam vigilantes e inflexíveis. Para que ninguém possa utilizar os espetáculos com fins de provocação e promoção de teses abertamente antissemitas”, disse François Hollande.
Para Jacques Verdier, o advogado do humorista, trata-se pura e simplesmente de censura: “A anulação de um espetáculo é, evidentemente, um ato de censura. Se não há perturbação da ordem pública, é apenas um artista que não nos agrada e que queremos proibir.”
Com 20 anos de carreira, Dieudonné fez das piadas antissemitas a sua imagem de marca, ao longo da última década.
Condenado sete vezes por injúrias racistas, nunca pagou os 890.000 euros de multas, alegando sempre “insolvência”.
Mas o artista está agora a ser alvo de uma investigação judicial por branqueamento de capitais. As autoridades suspeitam-no ter transferido 400.000 euros para os Camarões, país de origem do pai do humorista.
A recente polémica surgiu depois de Dieudonné ter feito piadas de mau-gosto, fora do âmbito dos seus espetáculos, sobre um jornalista judeu francês e as câmaras de gás.
Uma polémica alimentada pelo já conhecido gesto da “quenelle”, espécie de saudação nazi invertida – com o braço em posição descendente -, que o humorista diz ser puramente “antissistema” e não “antissemita”. (euronews.com)