Na próxima semana, os senadores da Comissão de Direitos Humanos vão até a cidade de Colniza, no Mato Grosso para acompanhar de perto as investigações sobre a chacina de nove trabalhadores rurais e um pastor evangélico na região.
Eles foram torturados, amarrados e mortos, alguns decapitados, no dia 19 de abril em Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza. Segundo a Polícia, os crimes teriam sido cometidos por quatro pistoleiros encapuzados contratados por fazendeiros da área, que é marcada por conflitos de terras. As vítimas estariam montando um loteamento irregular no local.
Além da diligência na região dos crimes, a Comissão de Direitos Humanos do Senado também vai promover na Casa uma audiência pública sobre o assunto.
O pedido da audiência foi feito pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que ressaltou que a Comissão não pode ficar se ausentar de acompanhar os assassinatos que tiveram repercussão internacional.
“O mundo todo acompanhou o massacre e o mundo há de se perguntar: ‘não fizeram nem sequer uma discussão na Comissão de Direitos Humanos para ver o que aconteceu? Quem foram os mandantes do crime, por exemplo?’ E a Comissão vai se pronunciar.”
Por causa de um terceiro requerimento, por parte do senador Paulo Rocha (PT-PA) a Comissão entrou em um impasse, pois o senador convocou a presença do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Secretário Especial da Agricultura Familiar e de Desenvolvimento Agrário, Ricardo Roseno, na audiência pública sobre o massacre de Colniza. Os parlamentares da base aliada do governo não concordaram em votar o requerimento, argumentando que ele não estava previsto na pauta do dia.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) negou que tenha havido resistência dos governistas contra a presença do ministro Eliseu Padilha no debate.
“É praxe nas comissões que se leia o requerimento numa sessão para que seja votada em outra sessão. O governo não tem interesse de deixar de dar informação sobre esse ou qualquer outro problema ocorrido no país. Portanto, o que eu pondero é que se leia o requerimento hoje e que na próxima sessão, nós possamos aprovar o requerimento como “convite” ao ministro e o ministro virá para prestar as informações necessárias.”
Após o impasse, o requerimento de convocação do ministro da Casa Civil não chegou a ser lido na Comissão de Direitos Humanos.
Depois dos crimes, a segurança foi reforçada na região, que é de difícil acesso. O local onde aconteceu a chacina, está praticamente sem ninguém. As famílias fugiram do vilarejo de Taquaruçu do Norte com medo de que os criminosos voltem ao local. (Sputnik)