O Conselho Constitucional validou esta terça-feira os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro apurados pela Comissão Nacional de Eleições, confirmando deste modo a vitória de Filipe Nyusi, candidato presidencial da Frelimo no poder, com 57% dos votos, seguido por Afonso Dhlakama, líder da Renamo, com 36,6% dos sufrágios e Daviz Simango, do MDM, com 6,04% dos votos.
Para além de confirmar a vitória de Filipe Nyusi nas presidenciais, o Conselho Constitucional validou igualmente a vitória da Frelimo nas eleições provinciais bem como nas legislativas em que a Frelimo alcançou 55, 68% dos votos, a Renamo 32,95% dos sufrágios e o MDM 8,4% dos votos.
Apesar de se manter no poder por mais 5 anos, um poder que nunca deixou de estar nas suas mãos desde a independência do país em 1975, a Frelimo perdeu contudo 53 deputados em relação à legislatura ainda corrente, a Renamo alcançou 38 mandatos suplementares e o MDM obteve mais 9 assentos parlamentares.
A validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional não deixou de criar reacções nomeadamente a nível da lusofonia, o secretário executivo da CPLP, o moçambicano Murade Murargy, tendo saudado o novo presidente eleito de Moçambique. A nível interno igualmente foram numerosos os comentários designadamente por parte do partido vencedor cujo dirigente, o Presidente cessante Armando Guebuza, considerou que a vitória “foi arrancada”, porque a oposição terá desejado impedir a “sobrevivência” do partido no poder, a oposição, tendo por seu turno manifestado o seu descontentamento.
Ao dar conta das conclusões do conselho Constitucional e ao confirmar a vitória eleitoral da Frelimo, o presidente deste órgão, Hermenegildo Gamito, não deixou contudo de tecer duras críticas à Comissão Nacional de Eleições e considerou mesmo os processos eleitorais no país despidos de qualquer justeza e transparência.
Saído vitorioso das presidenciais, o candidato da Frelimo, aos 55 anos Filipe Nyusi prepara-se para durante os próximos 5 anos estar a substituir no cargo Armando Guebuza, também da Frelimo, que termina no início do próximo ano o segundo e último mandato presidencial permitido pela Constituição moçambicana. Em comício hoje perante os seus apoiantes na sede da Frelimo em Maputo, Filipe Nyusi prometeu dar prioridade à inclusão e transparência e exortou os moçambicanos a respeitar a lei.
Sem surpresas, a Renamo que nas últimas semanas tem rejeitado os resultados eleitorais alegando fraudes massivas, reiterou a sua exigência de instalar um governo de gestão. Discursando hoje no seu feudo em Sofala no centro do país, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, criticou a actuação do Conselho constitucional e ameaçou formar o seu próprio governo. (rfi.fr)