Quarta-feira, Maio 15, 2024
13 C
Lisboa
More

    Ativistas pró-Moscovo no leste da Ucrânia pedem ajuda à Rússia

    Insurgentes armados pró-Moscovo passaram à ofensiva nesta segunda-feira no leste da Ucrânia e pediram a ajuda de Vladimir Putin contra o governo pró-europeu de Kiev, que busca uma solução política e apelou à ONU.

    (Foto de Alexey Kravtsov/AFP)
    (Foto de Alexey Kravtsov/AFP)

    Diante de ataques, aparentemente coordenados, realizados desde sábado por activistas pró-Rússia e grupos de homens armados em uniformes sem identificação, o país de 46 milhões de habitantes é mais do que nunca ameaçado por uma secessão entre o leste de língua russa e o centro e oeste voltados para a Europa.

    O Kremlin anunciou que o presidente russo recebeu “muitos pedidos” de ajuda das regiões do leste ucraniano e que observa a situação com “muita preocupação”. Uma declaração que aumenta os temores de uma intervenção.

    Sinal desta tensão, Washington denunciou uma provocação contra um de seus navios no Mar Negro por um caça-bombardeiro russo.

    E os presidentes americano Barack Obama e francês François Hollande expressaram sua “preocupação com os últimos episódios de violência” na Ucrânia.

    No terreno, apesar de Kiev anunciar uma “grande operação antiterrorista” para recuperar o controle, centenas de manifestantes pró-Rússia atacaram e tomaram as sedes da polícia e da prefeitura de Gorlivka, cidade de 250.000 habitantes na província de Donetsk, que faz fronteira com a Rússia.

    Nenhuma actividade militar ucraniana foi observada nas diferentes partes da região até o momento.

    Em Slaviansk, cidade símbolo das recentes tensões onde grupos armados pró-Rússia ocuparam no sábado edifícios da polícia e dos serviços de segurança, a situação permanece sob o controle dos insurgentes.

    Um de seus líderes, Vyatcheslav Ponomarev, apelou directamente ao presidente russo, Vladimir Putin, que mobilizou 40.000 soldados na fronteira, de acordo com a Otan, e prometeu defender “a todo custo” as populações russas da ex-URSS.

    “Pedimos à Rússia para nos proteger e não para permitir o genocídio do povo de Donbass (leste da Ucrânia). Pedimos ao presidente Putin que nos ajude”, declarou.

    Em frente à prefeitura de Slaviansk é possível observar uma dúzia de homens armados, vestindo o mesmo uniforme e com ar muito profissional. Outros, a bordo de caminhões militares, fortalecem as defesas em torno da cidade, com equipamentos de guerra, baterias antiaéreas e antitanques.

    No centro da cidade, mil pessoas se reuniram, prometendo permanecer no local até que haja um referendo sobre a anexação à Rússia.

    Os pró-Moscovo exigem a anexação, ou pelo menos uma “federalização” da Constituição da Ucrânia para dar mais poderes às regiões.

    Pela primeira vez, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, aceitou nesta segunda-feira a possibilidade de um referendo para determinar o status político do país, como resposta às tensões com o leste pró-Moscovo.

    A mudança inesperada aconteceu poucas horas depois do fim do prazo do ultimato apresentado por Turchynov aos separatistas para que entregassem as armas e abandonassem os prédios públicos ocupados no sudeste do país.

    “Nos últimos dias se falou muito sobre um referendo nacional. Não somos contrários à celebração de um referendo em toda a Ucrânia que, se o Parlamento decidir, poderia acontecer no mesmo dia das eleições presidenciais”, declarou Turchynov durante uma reunião de líderes dos grupos políticos no Parlamento.

    “Tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível, independente, democrática e unida”, completou o presidente interino.

    Mas, ao contrário da sugestão do presidente ucraniano sobre um possível referendo nacional, os manifestantes separatistas exigem consultas locais, que teriam mais chances de resultados favoráveis.

    “Guerra contra seu povo”

    Turchynov também convidou a ONU a unir-se à “operação antiterrorista” do exército no leste do país.

    “Nós receberemos sua ajuda para realizar uma operação conjunta antiterrorista no leste da Ucrânia, onde insurgentes pró-Rússia, alguns armados, tomaram o controle de prédios públicos em várias localidades”, declarou Turtchynov durante uma conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, segundo a presidência.

    Este apelo tem poucas chances de ser seguido, já que a Rússia tem direito de veto da ONU.

    Neste sentido, Moscovo ordenou que as autoridades de Kiev, no poder após a revolta que derrubou no final de fevereiro o regime pró-Rússia, pare “a guerra contra (seu) próprio povo”.

    Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a pedido de Moscovo, foi realizada no domingo sem resultados.

    Os ocidentais acusam Moscovo de instigar os distúrbios, citando semelhanças com o que ocorreu em Março na Crimeia, anexada à Rússia após a intervenção de grupos armados russos.

    Moscovo rejeita, por sua vez, toda responsabilidade pela escalada da tensão.

    Esta tensão promete comprometer as negociações previstas para quinta-feira em Genebra entre Estados Unidos, UE, Rússia e Ucrânia, para tentar encontrar uma solução à pior crise desde o fim da Guerra Fria.

    Em Luxemburgo, os ministros europeus das Relações Exteriores acusaram a Rússia pela escalada da tensão, enquanto uma reunião poderia ser organizada na próxima semana para endurecer as sanções contra Moscovo.

    Os ministros concordaram ainda com um empréstimo de um bilhão de euros a Kiev, à beira da falência, que também obteve uma garantia de crédito dos Estados Unidos no valor de um bilhão de dólares. (afp.com)

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Presidente da República reconduz Conselho de Administração da Sonangol

    O Presidente da República, João Lourenço, reconduziu, esta terça-feira, o Conselho de Administração da Sonangol, presidido por Sebastião Pai...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema