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    A inteligência artificial já vê como gente e imagina os espaços como nós

    Cientistas criaram um sistema que consegue aprender a ver e a entender um espaço tridimensional como um cérebro humano .

    Os seres humanos sabem que a realidade é muito mais vasta do que aquilo que a vista alcança, mas até agora os computadores não tinham alcançado esse nível de inteligência. Isso parecia estar fora de pé para a informática, mas a DeepMind provou agora que afinal essa era uma fronteira possível de transpor. Com recurso a inteligência artificial, o novo sistema desenvolvido pela subsidiária da Google consegue imitar a forma como o cérebro humano percepciona o espaço envolvente e faz deduções sobre o que à partida não está à vista. E fá-lo a partir de imagens estáticas bidimensionais como fotografias, criando depois um modelo tridimensional. No fundo, o grupo de cientistas conseguiu pôr um computador a criar uma imagem mental de forma completamente autónoma.

    Os avanços da DeepMind foram publicados esta semana na revista científica “Science”, onde os cientistas explicam o que é possível fazer com o novo sistema, apelidado Generative Query Network (GQN). “À semelhança das crianças e dos animais, o GQN aprende à medida que tenta entender as observações [que faz] do mundo à sua volta”, expressa o grupo sobre o projecto, que tem a particularidade de conseguir entender as propriedades geométricas de determinado objecto sem qualquer intervenção humana que dê contexto à cena. Se isto parece um processo simples para um cérebro humano, é algo bastante complexo para um computador e que pode servir de ponto de partida para a criação de formas de inteligência artificial mais avançadas e próximas da natureza humana. Além disso, ao conjugar duas formas de aprendizagem, a inovação da DeepMind consome muito menos recursos e necessita de um número muito menor de dados.

    Para conseguirem criar este sistema, os responsáveis conjugaram dois sistemas numa rede neural — composta por uma rede de representação e uma rede de geração —, de forma a que estes pudessem desempenhar o seu papel de forma autónoma mas conjugando as suas aprendizagens. Se o primeiro parte da observação para produzir uma representação (um vector) descritiva da cena em causa, o segundo “imagina” o resto da realidade a partir de um ponto de vista não observado. No fundo, é como se o primeiro desenhasse uma mesa à vista e o segundo se colocasse noutro ponto de vista para imaginar como seria.
    Compromisso para o futuro

    Numa altura em que os grandes grupos tecnológicos somam investimentos em áreas relacionadas com a inteligência artificial, torna-se cada vez mais necessária a regulamentação da actividade e o estabelecimento de acordos entre as partes. Esta semana foi dado um passo de gigante neste campo, que visa garantir uma maior segurança na actividade — assim como a garantia de que esta apenas será usada para fins positivos.

    Foram mais de 2400 as pessoas individuais e 160 as organizações que se comprometeram com uma declaração conjunta em que prometem não utilizar soluções de inteligência artificial para o desenvolvimento, produção ou comercialização de armas. A DeepMind e a organização sem fins lucrativos X Prize Foundation são duas das entidades que assinaram a declaração na International Joint Conference on Artificial Intelligence, que decorreu este mês Estocolmo, na Suécia. Entre os signatários, muitos deles anónimos, estão também algumas figuras de relevo, como Elon Musk, da Tesla, o criador do Skype, Jaan Tallinn, ou os cofundadores da DeepMind, Demis Hassabis, Shane Legg e Mustafa Suleyman. (Expresso)

    por João Miguel Salvador

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