A justiça turca condenou esta sexta-feira, 26, à prisão perpétua um total de 121 pessoas, no âmbito do processo ligado à tentativa de golpe de estado de Julho de 2016 contra o regime de Recep Erdogan. Este processo, um dos mais importantes lançados nestes últimos 4 anos anos, decorreu em Ancara.
Neste julgamento do chamado “comando geral da polícia” que decorre desde 2017, compareceram 245 pessoas que eram acusadas de ter participado na tentativa de golpe de Estado a partir do quartel geral da polícia de Ancara na noite de 15 para 16 de Julho de 2016.
Das 121 pessoas que foram condenadas à prisão perpétua, 86 deverão cumprir penas “agravadas”, que implicam condições de detenção mais restritivas em celas individuais, tratando-se da pena mais grave no arsenal jurídico turco que aboliu a pena de morte em 2004. Os restantes 35 condenados, reconhecidos culpados de “tentativa de subversão da ordem constitucional” ficam a cumprir penas de prisão vitalícia simples.
Eles foram acusados de ter actuado sob ordem de Fethullah Gülen, religioso e opositor exilado nos Estados Unidos há vinte anos e cuja extradição tem sido reclamada em vão pela Turquia.
Desde a tentativa de golpe de 2016 ocorrida em vários pontos do país, nomeadamente na capital e em Istambul, uma operação que causou cerca de 250 mortos e milhares de feridos, mais de meio milhão de pessoas chegaram a ser colocadas em detenção provisória pelo seu presumível envolvimento no sucedido. Pouco depois desta tentativa de desestabilização, vastas purgas foram efectuadas, 55 mil pessoas em vários sectores como a polícia, justiça, educação ou comunicação social, tendo sido suspensas das suas funções, despedidas ou até detidas pelo regime de Recep Erdogan.