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    Vice-campeão de F3 em exclusivo: “Fiz tudo para ganhar o campeonato”

    Théo Pourchaire é uma das grandes promessas do automobilismo francês. Este ano, logo na sua estreia, sagrou-se vice-campeão de Formula 3 e, antes do final da temporada, vai realizar as últimas duas provas de Formula 2 no Bahrain. A propósito da rubrica ‘Dos 0 aos 100’, o Desporto ao Minuto conversou com o jovem piloto francês de 17 anos, cujo grande sonho é, claro está, chegar à Formula 1.

    No ano em que Pierre Gasly venceu uma corrida de Formula 1 em Monza e terminou uma seca que já durava há 24 anos para os franceses, outro talento gaulês emergiu nas Fórmulas de promoção. Théo Pourchaire, com apenas 17 anos, chegou, viu e quase venceu o Campeonato do Mundo de Formula 3.

    A jovem promessa do automobilismo francês ficou a três pontos do título, conquistado pelo australiano Oscar Piastri, e demonstrou em pista argumentos mais do que suficientes para colocar o mundo do desporto motorizado de olhos nele.

    Em exclusivo ao Desporto ao Minuto, Théo Pourchaire falou dos seus primeiros passos neste desporto e de como a paixão pelas corridas começou muito cedo. O jovem gaulês recordou também o seu ano muito positivo na Formula 3, onde representou a ART Grand Prix, e perspetivou as últimas duas corridas da temporada já na Formula 2.

    A ascenção de Théo Pourchaire tem acontecido a uma velocidade incrível, tal como aquela que já provou ter em pista. Isso não assusta o jovem francês que, segundo o próprio, “tem muita coisa a aprender e muitos pontos para evoluir”.

    Théo Pourchaire, ao centro, a ouvir o hino francês após a vitória no Grande Prémio da Hungria.
    (© Getty Images)

    Primeiro que tudo, é verdade que começaste a conduzir karts ainda antes dos três anos? Mal sabias andar ainda certamente…

    Sim, é verdade. Comecei quando tinha mais ou menos dois anos e meio. É incrível ter começado tão cedo e para ser sincero nem me consigo recordar, pois era mesmo muito novo. O meu pai meteu-me num kart e eu era ainda um bebé (risos). Depois continuei porque sempre gostei deste desporto, é fantástico.

    A competição começou depois no karting aos sete anos, mas quando é que começaste a ver que era mesmo o automobilismo que querias para a tua vida?

    Sempre tentei tirar o maior prazer atrás do volante, antes sequer de pensar na Formula 1 ou no automobilismo como um trabalho em si. Acho que esse pensamento chegou apenas em 2016, quando competia no karting já internacionalmente. O nível aí começou a subir, mas sempre acreditei em mim e no meu potencial.

    Falando agora num passado mais recente, em 2019 conquistaste o campeonato ADAC Formula 4, este ano ficaste a três pontos de conquistar o Mundial de Formula 3, e 2020 ainda não acabou e já te irás estrear na Formula 2. Sentes que está tudo a acontecer a uma velocidade alucinante?

    Tudo está a acontecer muito rápido, mas, ao mesmo tempo, entrar na Formula 3 este ano foi uma escolha normal, depois de ter estado na Formula 4. Estava pronto para competir na F3 e acho que provei a todos que fui um dos melhores pilotos. Foi um ano de aprendizagem, mas no final foi um dos melhores, apesar de no início não ter sido fácil. Tudo tem sido rápido, mas é com normalidade que olho para isso mesmo. Sei que sou muito novo, mas tenho que me colocar à prova com aqueles que são os melhores pilotos.

    Neste teu primeiro ano de Formula 3 superaste as tuas próprias expectativas? Afinal de contas, foram duas vitórias, oito pódios, uma pole position e estiveste na luta pelo título até ao último segundo.

    O início foi complicado. Porém, nunca fiquei ansioso, nem stressado, nem irritado comigo mesmo. Sempre tive em mente que o início do ano seria o mais difícil, porque, com o desenrolar da época, sabia que ia evoluir e melhorar aqueles que seriam os meus erros. Outros pilotos não fizeram o mesmo e, por isso, talvez, consegui quatro pódios consecutivos no final da temporada. Isto é muito importante. É preciso começar o ano de uma forma calma e ir evoluindo corrida a corrida. Claro que se conseguirmos vencer logo a primeira corrida melhor, mas trata-se de aprender mais e mais com os erros e com o que nos vai acontecendo ao longo do ano. Se superei as minhas expectativas? Nem por isso, porque o meu objetivo sempre foi vencer o campeonato.

    A Formula 1 foi um sonho de sempre e continua um sonho neste momento.
    (© Getty Images)

    Foi uma dura batalha até final entre ti, o Logan Sargeant e o Oscar Piastri. Consideras que o Piastri foi um justo vencedor?

    Claro que sim. Sobre isso não há muito que possa dizer. Fiz tudo o que estava ao meu alcance até final. Como disse, fiz quatro pódios consecutivos e foi fantástico. Ele fez um grande início de temporada, foi sempre muito rápido. Ele estava na PREMA, eu na ART e, não que eu esteja a dizer mal da minha equipa, que foi incrível durante todo o ano, mas é preciso dizer que a PREMA tem ganho os campeonatos todos desde há dois anos. Eles neste momento são a melhor equipa e têm os melhores pilotos. Fiquei a três pontos do líder e acho que isso é motivo para nos deixar muito, muito orgulhosos, a mim e à minha equipa.

    Se tivesses que escolher o melhor momento da temporada, qual escolhias?

    Pergunta difícil… Houve vários bons momentos. A primeira vitória é sempre especial. O triunfo na Hungria também foi especial porque vencer por 12 segundos é sempre o culminar de uma corrida fantástica. O final do ano também foi muito bom com aqueles quatro pódios consecutivos, tal como a pole position em Monza. O sentimento de ser o homem mais rápido em pista é incrível.

    E o pior?

    Para mim o pior momento foi na segunda corrida do primeiro fim de semana na Áustria. Estava a fazer uma grande corrida… Depois de arrancar em 13.º estava em 9.º e estava à procura de um top6 nessa prova, que seriam os meus primeiros pontos na Formula 3, mas o [Alex] Peroni teve um problema de motor mesmo à minha frente e não consegui evitar o impacto. Acabei em vigésimo, acho eu… Não foi, de todo, uma boa corrida.

    Seguem-se agora as corridas na Formula 2, onde vais representar a HWA Racelab. Quais são as tuas expectativas para estas duas últimas provas da temporada?

    Em primeiro lugar, quero agradecer à HWA Racelab, porque esta é uma grande oportunidade para mim. Vou descobrir por completo um novo carro nos primeiros treinos livres no Bahrain. Conheço a pista devido aos testes de pré-temporada na Formula 3, contudo sei que o carro vai ser a parte mais complicada da minha adaptação, além de estar numa equipa totalmente nova. Vou correr sem grandes expectativas e apenas tentar tirar o máximo de prazer atrás do volante. Quero aprender o máximo de coisas para ser o melhor que puder na próxima época.

    És francês e certamente este dado é relevante para ti. Há 24 anos que um piloto francês não vencia uma corrida de Formula 1, mas o Pierre Gasly venceu em Monza e interrompeu esse ciclo. Ele é um dos teus ídolos?

    Não posso dizer que tenha ídolos, prefiro chamar-lhes referências. O Lewis Hamilton, o Sebastian Vettel, mas, claro, o Pierre Gasly é um deles. É francês e é um piloto muito, muito bom. O que ele fez em Monza foi incrível, e foi algo realmente importante para o nosso país. Como disseste, foram 24 anos sem um francês ganhar na Formula 1.

    E qual é a tua grande referência no automobilismo?

    Acho que não se podem comparar épocas e é difícil escolher só um. Para mim, o Michael Schumacher foi um grande piloto, tal como o Lewis Hamilton e o Sebastian Vettel. É mesmo muito difícil fazer apenas uma escolha.

    E quanto ao futuro, em 2021 já é certo de que irás correr na Formula 2?

    Ainda não posso confirmar nada para já. Estamos em conversações com algumas equipas e o que posso dizer é que há 90% de hipóteses de isso acontecer.

    A Formula 1 é um sonho que vês cada vez mais perto?

    A Formula 1 foi um sonho de sempre e continua um sonho neste momento. Está cada vez mais perto, sem dúvida. Vou correr estas duas últimas corridas da Formula 2 no Bahrain, e esta é a última categoria antes de chegar à Formula 1. Nem me tinha apercebido disso até certo ponto, mas a verdade é que está mesmo muito perto. Tento não pensar muito nisso e concentrar-me no momento. Tenho muita coisa a aprender, muitas coisas para evoluir, mas sei que, se conseguir bons resultados, posso chegar à F1 num futuro próximo e isso, claro, seria o realizar do sonho da minha vida.

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