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    Os Riscos de fraude e corrupção têm impacto na expansão internacional das empresas

    (Foto: D.R.)
    (Foto: D.R.)

    Pressão para o crescimento das receitas e lucros facilitam condutas ilegais.

    • 61% dos entrevistados oriundos de mercados de crescimento rápido reconhece a corrupção com uma prática de mercado disseminada
    • 20% das empresas acredita que as suas políticas anti-corrupção as torna menos competitivas
    • 37% dos entrevistados reconhece que as empresas reportam o seu desempenho financeiro acima da realidade

    De acordo com o EY’s Europe, Middle East, India and Africa (EMEIA) Fraud Survey, Fraud and corruption – the easy option for growth? o crescimento da pressão para que as empresas aumentem as receitas, a par da volatilidade do mercado, está a colocar em risco as oportunidades de expansão. Esta situação, em simultâneo com desafios como a instabilidade geopolítica, commodities, volatilidade do preço da moeda e sanções económicas, está a empurrar as empresas e os seus executivos para comportamentos de alto risco.

    O estudo, que entrevistou 3800 colaboradores de grandes empresas[1] em 38 países, revela ainda que cerca de 33% dos inquiridos consideram que a gestão está sob pressão crescente para se expandir em mercados de elevado risco. Nestes mercados 61% dos entrevistados afirmam que a corrupção em empresas é generalizada, e 37% referem que muitas vezes as empresas reportam o seu desempenho financeiro acima da realidade.

    No entanto, o risco de fraude não é limitado aos mercados de crescimento rápido2. 26% dos gestores de topo entrevistados referem ter ouvido falar em antecipação de lucros no ano transacto – o tipo de comportamento que tem sido identificado como estando na origem de

    diversas fraudes ao nível do top management. Além disso, 21% dos entrevistados relatam que as más notícias relativas ao desempenho financeiro não são partilhadas de forma aberta e transparente.

    David Stulb, Global Leader da linha de serviço da EY – Fraud Investigation & Dispute Services (FIDS), afirma: “Os riscos de fraude, suborno e corrupção são reais. As empresas enfrentam restrições complexas acerca da forma como conduzem os negócios, com regimes de sanções eminentes e riscos novos como o cibercrime, o que acarreta potencial para perturbar significativamente as operações. As empresas têm que estar vigilantes e alerta, na identificação de estratégicas de crescimento de alto risco”.

    Serão a fraude e a corrupção opções fáceis para o crescimento?

    Apesar da gestão de topo poder ser tentada a correr riscos para acelerar o crescimento a curto-prazo, o estudo indica que existe uma forte correlação entre as empresas em crescimento e o cumprimento das regras de compliance. Os entrevistados, cujo negócio tem conhecido um crescimento das receitas nos últimos dois anos, são provenientes de:

    • Empresas mais propensas a qualificar os seus padrões éticos como “muito bom
    • Empresas mais propensas a ter ou conhecer a sua política anti-corrupção
    • Empresas mais propensas a olhar para as operações em diferentes mercados e a identificar padrões éticos.

    Stulb continua: “A nossa pesquisa mostra que 20% dos colaboradores acredita que as políticas anti-corrupção irão impedir os negócios de crescer. A nossa visão não é coincidente. Para crescer num mercado de alto risco é necessário controlos e processos correctos. É necessário respeitar prazos, para poder efectuar a opção correcta quando se é confrontado com um pedido de suborno ou “manipulação de dados financeiros”. É necessário dispor das ferramentas certas para monitorizar a actividade, de modo a identificar e endereçar os riscos atempadamente.”

    Empresas ainda não se protegem o suficiente

    A nossa pesquisa mostra que muitas empresas ainda não dispõem de uma estratégia de compliance sequer ao nível básico:

    • 42% dos entrevistados refere que a sua empresa não tem uma política anti-suborno/anti-corrupção, ou que a desconhece.
    • 36% dos entrevistados nunca teve formação em anti-suborno/anti-corrupção
    • 24% dos inquiridos afirma que a sua empresa não dispõe de uma linha de ética

    Os resultados também demonstram que as organizações a operar no sector dos serviços financeiros têm respondido à pressão intensa a que têm estado sujeitas por parte de reguladores, clientes e outros. Por comparação com outros sectores, o dos serviços financeiros está mais focado no compliance e nos comportamentos dos seus colaboradores. No entanto, existem lacunas e entrevistados oriundos do sector financeiro que relatam que a sua empresa não dispõe de uma política anti-corrupção/anti-suborno, de uma linha de ética. Além de que existem gestores de topo que são percepcionados como dando pouca importância às regras de prevenção ao branqueamento de capitais, manipulação de mercado, ou má-pratica na comercialização de produtos financeiros complexos.

    O compromisso da liderança é crítico

    Nem todos os gestores de topo comunicam eficazmente o seu compromisso com elevados padrões éticos. O estudo demonstra existir uma desconexão entre a opinião dos gestores de topo e a dos restantes colaboradores: enquanto 44% dos gestores de topo admitem comunicar com frequência a importância dos elevados padrões éticos, apenas 30% dos colaboradores concordam com esta afirmação.

    Stulb conclui: “Por força da intensa pressão para crescer, as empresas terão tendem a optar por permanecer em mercados onde a fronteira entre o que é lícito e ilícito, é, ainda muito ténue. No entanto, os dados mostram que esta é uma falsa questão e que o crescimento pode ser alcançado mesmo quando se gerem os riscos de fraude e corrupção. O efectivo cumprimento de compliance não é uma barreia ao crescimento; mas sim, um requisito para o sucesso sustentado”.

    NOTAS:

    [1] Define-se por grande empresa aquela que tem mais de 150, 250, 1000 ou 1500 colaboradores, de acordo com o país, ou aquela que é cotada em bolsa ou multinacional.

    2 O presente estudo define como países “desenvolvidos”: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Os países de “crescimento rápido” são, de acordo com Rapid-Growth Markets Forecast: July 2014: República Checa, Egipto, Índia, Nigéria, Polónia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Ucrânia. (ey.com)

     

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