Em cumprimento ao disposto no Decreto Presidencial 98/20, de 9 de Abril, o FACRA, Fundo Activo de Capital de Risco Angolano, foi orientado em Junho do ano passado a financiar as sociedades de microcrédito e cooperativas de crédito para operacionalizar a terceira linha de crédito das medidas de alívio dos efeitos económico e financeiro avaliado em quatro mil milhões Kz.
Estas depois recolheram os projectos das micro e pequenas empresas, repassando para estas as verbas que receberam do FACRA.
Em Setembro de 2020 as sociedades receberam do FACRA 50% do valor, um total de 2 mil milhões Kz que foi usado para financiar cerca de 2 mil projectos, com uma média de 1 milhão Kz por empresa.
Para a segunda fase do programa as operadoras, ou seja, as cooperativas e sociedades de microcrédito, já avaliaram e aprovaram mais de 500 projectos mas, o processo foi interrompido porque em relação ao desembolso da segunda tranche do valor, os restantes 2 mil milhões Kz, cuja entrega estava prevista para o mês de Fevereiro deste ano, não há até ao momento qualquer sinal do Ministério da Economia e Planeamento.
Mas apesar do incumprimento contratual do FACRA, as operadoras foram obrigadas a começar a devolver os 2 mil milhões Kz entregues na primeira fase. “O Ministério da Economia e Planeamento fez muita publicidade do programa.
As operadoras chamadas foram obrigadas a andar pelo país inteiro, para publicitar e fazer promessas de que haveria financiamento, e hoje passado um ano só 50% do valor foi disponibilizado, o que não funcionou nem para cobrir metade das pequenas e médias empresas previstas no início do programa.
As operadoras estão neste momento a sofrer muita pressão das empresas que estão à espera do financiamento há meses, foram avaliadas mais de 500 empresas, mas o processo teve de parar para não ter milhares de pessoas à porta das operadoras”, disse-nos o responsável de uma das sociedades de micro.
Nels das Dores é empresário actua no ramo das pescas há 11 anos. Dono de uma embarcação que pesca maioritariamente carapau e cachucho. Solicitou no ano passado um financiamento no valor de 6 milhões Kz para a compra de um barco novo e também de um motor, mas até agora ainda não recebeu.