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    Rui Santos: Atendemos 50 por cento do consumo

    Rui Santos: Presidente da Associação dos Avicultores de Luanda. (Foto: Vigas da Purificação)
    Rui Santos: Presidente da Associação dos Avicultores de Luanda.
    (Foto: Vigas da Purificação)

    Palavras do Presidente da Associação dos Avicultores de Luanda. Os actuais níveis de produção interna representam 25 milhões de ovos/mês e espera-se que durante o presente ano se eleve a cifra na ordem de 20 por cento.

    Os produtores nacionais de ovo estão a arregaçar as mangas para ultrapassar as dificuldades por que passam com vista a aumentar a produção, atender 100 por cento das neces­sidades do mercado e, quiçá, aca­bar com a importação. Esse é no fundo o principal objectivo da Associação dos Avicultores de Luanda, cujo presidente atendeu com muita gentileza o pedido do JE para falar um pouco sobre a situação actual e as perspectivas de crescimento do sector.

    Qual é o actual nível de produção do ovo no país?

    Neste momento, em termos de produção estamos próximos dos 25 milhões de ovos por mês. Espe­ramos que em 2014 essa produ­ção cresça na ordem de 20 por cento ou mais. Hoje atendemos pouco mais de 50 por cento das necessidades do mercado. A nossa produção ainda não satisfaz na totalidade a procura, mas estamos num momento de franco cresci­mento. Por isso, perspectivamos um bom cenário para o sector nos próximos tempos. Para o efeito, será preciso fazer-se investimen­tos significativos. Penso que o surgimento do programa “Angola Investe” é uma mais-valia, com o qual contamos para crescer rápi­dos nos próximos anos.

    Significa que ainda não somos auto–suficientes para fazer face à importação?

    A associação tem estado a discutir muito com o Ministério da Agri­cultura a respeito disso. A nossa opinião é que se estimule mais a produção interna e que se esta­beleça uma quota para colmatar as insuficiências da produção nacional, ou eventuais défices, mas sempre priorizando e valo­rizando o produto nacional.

    Há quem diga que é mais fácil importar os ovos, porque a produção interna não consegue fornecer esse produto com alguma regularidade e em quantida­des necessárias. Quer comentar?

    É verdade que alguns produto­res nacionais ainda têm pro­blemas básicos como a falta de ração para alimentar as gali­nhas, só para citar esse. Não somos contra as importações, mas é preciso proteger o produto nacional. Houve um tempo em que o mercado estava inundado com ovos importados porque havia um excesso na impor­tação deste produto, que pre­judicava a produção interna, inclusive três produtores tive­ram de fechar as portas. Os pro­dutores não conseguiam vender os ovos face à concorrência dos importados que inundavam o mercado. Embora a impor­tação ainda seja necessária é preciso proteger a produção interna. Importa referir que os ovos importados não são con­fiáveis e muitas vezes têm ori­gem duvidosa.

    O que é preciso fazer para tornar a produção nacional do ovo um negó­cio sustentável?

    Bem, em função da minha expe­riência, posso dizer que deve­mos investir mais nos factores de produção. Por exemplo, o milho é uma das principais matérias-primas para produ­ção de ração. Representa 60 por cento dos custos dos peque­nos produtores porque é caro e a produção interna não é sufi­ciente. Portanto, é a principal dificuldade que temos. Nos últi­mos tempos tem-se registado uma certa escassez na produ­ção nacional, o que cria mui­tos transtornos.

    Quais são os projectos que a associa­ção tem em carteira para promover o desenvolvimento do sector?

    Primeiro, precisamos de resolver as dificuldades básicas relaciona­das com os factores de produção, como a questão das matérias-pri­mas para a ração, e de tudo o que necessitarmos de comprar no mercado externo. A nossa ideia é investir também na criação interna dos pintos, ao invés de estarmos sempre a importar.

    Esperamos maior apoio finan­ceiro no sentido de multiplicar o número de produtores, sobre­tudo daqueles de pequena dimen­são que precisam uma média de investimento na ordem de 350 mil dólares para produzir cerca de quatro mil ovos diariamente. Se tivermos muitos pequenos produtores com esse nível de produção pensamos que vamos atender cada vez mais as neces­sidades do mercado.

    Quais foram os motivos que nortea­ram a criação da Associação dos Avi­cultores de Luanda?

    Com o crescimento do sector da avicultura, surgiu a necessidade de se criar uma organização que defendesse os interesses dos pro­dutores de ovos em Luanda junto das instituições. Antes dessa, já houve outras associações que depois não conseguiram sobre­viver. A nossa associação, tal como hoje é conhecida, foi fun­dada em 2005. Nessa altura, a produção de ovos estava centra­lizada em Luanda, por isso o raio de acção restringe-se principal­mente nessa província. Mas agora a realidade é outra e temos neces­sidade de rever o estatuto, admi­tir novos membros e alargar o seu âmbito de acção a nível nacional já na próxima assembleia geral, que acontecerá na segunda quin­zena de Fevereiro.

    Quais são os requisitos para admis­são de novos associados?

    As inscrições para admissão de novos membros é um pro­cesso fácil. Basta que o produ­tor demonstrar a sua intenção, dar provas que atestam o exer­cício da actividade, pagar, cópia do bilhete de identidade, paga­mento da jóia e aceitação do esta­tuto. Mas este processo vamos levar a cabo apenas depois da próxima assembleia geral. Nesta assembleia, iremos fazer uma revisão do estatuto no sentido de determinar o valor da jóia a pagar pelos associados.

    Quantos produtores a associação controla?

    Em Luanda, são cerca de 15, mas no total a nível nacional temos cerca de 50 produtores, além daqueles que não estão filiados na associação e que, por isso, não controlamos. Fora de Luanda, os produtores estão localizados nas províncias do Kwanza-Sul, Ben­guela e Bié. Ou seja, a produção tende a espalhar-se um pouco por todo o país. (Jornal de Economia & Finanças)

    Por: Francisco Inácio

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