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    Palestra sobre obra de Agostinho Neto realça vocabulário linguístico do poeta

    Historiador Simão Souindoula fala amanhã em mais uma edição do projecto "Maka à Quarta-feira"

    Uma palestra subordinada ao tema “Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto” é proferida amanhã, às 18 horas, na sede da União dos Escritores Angolanos (UEA). Enquadrada na celebração do Dia do Herói Nacional, a palestra tem como orador o historiador Simão Souindoula, que volta a marcar presença na habitual “Maka à Quarta-Feira”.
    O historiador adiantou ontem que os aspectos estéticos da poesia de Neto são importantes, mas é necessário que os críticos apresentem novas abordagens.
    Como novidade, Simão Souindoula vai destacar o facto de o poeta nacionalista incluir na sua obra vários bantuismos, evocando antropónimos, topónimos – genéricos ou de memória – a flora, a organologia musical e crenças hidrogónicas (das águas).
    Este engajamento linguístico e antropológico de Neto, segundo o perito da UNESCO e crítico de arte, influenciou as orientações fundamentais da política cultural pós-independência de Angola.
    Os vocábulos bantu da poesia de Neto, segundo Souindoula, tiveram um “efeito acelerado sobre o acordo do estatuto de línguas nacionais a todos os idiomas do país e o seu largo uso nos meios de comunicação social”. Outra forte influência foi a “bantuização de topónimos de dezenas de cidades, localidades e regiões do país, bem como a eponimização (atribuição de nome) bantu à moeda nacional”.
    António Agostinho Neto “nasceu numa zona rural onde a língua veicular é o quimbundu, tendo assumido de forma natural toda a carga antropológica, subsequente, do uso deste idioma bantu”, salientou o historiador.
    A palestra, aberta ao público, é co-organizada pela UEA e o Triangulo Turístico e Histórico-Cultural Kanawa Mussulo. Fruto da parceria entre as duas associações, este ano foram realizadas as conferências “Novas Revelações sobre a Rainha Nzinga no Manuscrito, Perdido, de Cavazzi de Montecuccolo (1671)” e “La Habla Conga ou a Dinâmica de Hibridação no Castelhano de Cuba”, ambas proferidas pelo historiador Simão Souindoula.

    A sede da UEA foi ainda palco da palestra sobre “A Riqueza Literária de Agostinho Neto como Fonte de Inspiração para o Surgimento de Novos Valores”, organizada pelo Clube de Poetas e Trovadores. O escritor Abreu Praxe foi o orador e afirmou que a poesia de Neto vai além do mero exercício de composição artística e constitui fonte criativa para outros escritores, particularmente os da nova geração. Abreu Paxe disse ainda que a obra do Poeta Maior “reflecte os processos da luta de libertação, emancipação e afirmação dos povos, e que a intertextualidade é um marco constante na obra, numa perfeita simbiose do texto escrito com elementos da oralidade”.

     

    Francisco Pedro

    Fonte: Jornal de Angola

    Fotografia: JA

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