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    Jihadista desertor entrega lista com nome de 22 mil membros do Estado Islâmico

    Um jihadista decepcionado entregou uma lista com as fichas de 22.000 membros da organização Estado Islâmico (EI), com seus endereços, telefones, contactos familiares e até tipo sanguíneo.

    Trata-se dos formulários que os voluntários do EI preenchem ao se integrar ao grupo, e revelam que a maioria deles são de países árabes, seguidos por franceses, alemães e britânicos.

    O canal de televisão britânico Sky News publicou nesta quinta-feira detalhes desta lista, que já havia sido citada na segunda-feira por alguns meios de comunicação alemães.

    As informações estão contidas em um dispositivo USB, roubado do chefe da polícia interna da organização.

    Se forem autênticas, podem ter efeitos devastadores para o grupo, que controla amplas faixas da Síria e do Iraque e que reivindica atentados letais na África e nos países ocidentais.

    As autoridades alemãs consideraram verdadeiras as informações referentes aos seus cidadãos jihadistas, mas até o momento não há mais reacções oficiais.

    O ministro do Interior alemão, Thomas de Maziere, disse que a lista abrirá caminho para “realizar investigações mais rápidas, mais claras, e conseguir sentenças de prisão mais duras”, além de ajudar a “entender melhor as estruturas” da organização.

    A lista foi roubada por um membro do Exército Livre da Síria, opositor ao regime de Bashar al-Assad, que se integrou ao Estado Islâmico, mas acabou abandonando o grupo, decepcionado porque se converteu em reduto de antigos soldados iraquianos do Partido Baath do ditador Saddam Hussein, executado em 2006 após sua deposição por uma coligação liderada pelos Estados Unidos.

    A documentação é composta por formulários de adesão ao EI, com dados de milicianos de 51 países.

    Richard Barrett, ex-director de operações antiterroristas mundiais do MI6, os serviços de inteligência britânicos, disse que o vazamento destes dados é “um golpe fantástico”.

    “Será uma autêntica mina de ouro de informação de enorme significado e interesses para muita gente, em particular para os serviços de inteligência e segurança”, disse Barrett.

    Tipo sanguíneo e nível de conhecimento

    O material conteria informações sobre numerosos jihadistas ainda não identificados na Europa do Norte, Estados Unidos, Canadá, África do Norte e Oriente Médio.

    A Sky News reproduziu estes formulários de 23 perguntas, que permitem identificar os recrutas por tipo sanguíneo ou pelo nome de solteira de suas mães e que levam anotações sobre o “nível de compreensão da sharia” (a lei islâmica) dos membros do EI.

    “Isso pode representar um avanço colossal” na luta contra o EI, afirmou Chris Phillips, director-geral do International Protect and Prepare Security Office, uma assessoria em matéria de luta antiterrorista.

    A entrega do material “demonstra a que ponto o EI é vulnerável aos seus membros que se voltam contra ele”, disse o especialista à AFP.

    Nas listas também aparecem muitos jihadistas que já estavam fichados pelos serviços britânicos, como Abdel-Majed Abdel Bary, um ex-rapper do oeste de Londres que após seu alistamento no EI publicou no Twitter uma foto sua com a cabeça de uma pessoa decapitada na mão.

    Também figura Junaid Hussain, um hacker do EI, procedente de Birmingham, morto em um ataque de drone em Agosto passado.

    Milhares de cidadãos europeus se uniram ao EI, que em 2014 proclamou a instauração de um califado entre Síria e Iraque, e as autoridades de seus países temem que retornem para cometer atentados.

    Os documentos foram roubados por um indivíduo identificado sob o pseudónimo de Abu Hamed, um ex-combatente do Exército Sírio Livre (ESL) que aderiu ao EI.

    Abu Hamed entregou o dispositivo USB a um jornalista na Turquia, explicando que havia abandonado o EI por considerar que “os valores islâmicos colapsaram” no seio do grupo.

    “Esta organização é uma fraude, não tem nada a ver com o Islão”, disse o miliciano decepcionado, que afirma que o EI abandonou seu quartel-general na cidade síria de Raqa e se dirigiu ao deserto. (AFP)

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