O Festival Play vai dividir-se entre o cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa, em Lisboa . De 1 a 9 de Fevereiro, é direccionado a todas as crianças até aos 13 anos.
Catarina Ramalho, Dania Afonso e Teresa Lima fazem parte da Tecla Play, uma associação sem fins lucrativos que tem como objectivo a promoção cultural entre os mais novos e que criou o festival.
As organizadoras são também mães, que além de alguma experiência na área cinematográfica, notam ausência de oferta nos cinemas portugueses de filmes para os mais pequenos, conta ao PÚBLICO Catarina Ramalho. O objectivo do evento é “criar uma alternativa aos filmes habituais, mais comerciais” e além disso permitir que mesmo os mais pequenos que normalmente não podem entrar no cinema pela imposição de um limite mínimo de idade possam começar a ter contacto com a sétima arte.
Play pareceu à organização a melhor palavra para definir o festival, por vários motivos: não apenas por ser o termo utilizado para reproduzir ficheiros audiovisuais, como filmes, mas também por significar (em inglês) brincar e representar.
A partir de sábado, vão ser apresentadas várias curtas e longas-metragens portuguesas e estrangeiras, seleccionadas pela “qualidade estética e técnica”, segundo Catarina Ramalho. Os filmes seleccionados tinham além disso que “trazer algo de novo às faixas etárias” que constituem o público-alvo do Festival Play. Assim, vamos poder contar com filmes como David, uma longa-metragem de Joel Fendelman, que vai ser apresentado nas sessões para a faixa etária mais velha e que conta a história da amizade improvável entre uma criança judia e outra muçulmana, em Brooklin; a curta-metragem animada Tuttodunpezzo, de André da Loba, que recentemente foi galardoada com a medalha de ouro na Illustrators 56 pela Society of Illustrators e conta a história do homem perfeito que a dada altura cai num buraco mas que se reconstrói, a ser apresentada nas sessões para a faixa etária entre os 3 e os 5 anos; ou Snejinka, da russa Natalia Chernysheva, que além de ser também apresentada na sessão para a faixa dos 3 aos 5 é também na dos 6 aos 9 e que conta a história de uma África onde de repente começa a nevar, após uma criança ter recebido por carta um floco de neve de papel.
Este evento vai decorrer nas três salas do cinema São Jorge. Numa delas serão apresentados os filmes para as crianças entre um e dois anos, mas Ramalho sublinha que podem entrar crianças com menos de um ano. É uma sala com entrada livre onde as sessões duram 15 minutos. Nas outras salas vão decorrer as sessões para as outras faixas etárias: três a cinco; seis a nove e 10 a 13 anos.
De acordo com o site do evento, o programa de cada uma das faixas etárias foi feito a pensar em coisas diferentes: do um aos dois anos as sessões têm como foco “aprender a ver”; dos três aos cinco “aprender a brincar”; dos seis aos nove anos “aprender a pensar”; e por fim, dos 10 aos 13, o cerne será “aprender a desconstruir”.
Catarina Ramalho destaca dois momentos importantes do Festival Play: a presença do realizador convidado João Nicolau, que depois da exibição da sua curta-metragem, Gambozinos, vai conversar com o público e responder a questões lançadas pelo mesmo; e o workshop Era uma vez um ruído que queria levar uma imagem a brincar, onde maiores de oito anos vão aprender a sonorizar um filme.
Na Cinemateca Júnior vão ainda decorrer o workshop Quantas histórias cabem no som?, este destinado a crianças entre os cinco e os nove anos, e sessões de três filmes não tão recentes como os outros que vão ser apresentados, mas que são intemporais: Aniki Bobó, de Manoel de Oliveira; Zéro De Conduite, de Jean de Vigo; e Les Mistons, de François Truffaut.
O Festival Play não se vai ficar por aqui. O evento vai alargar-se ao resto do país, mas é cedo para avancçar com locais. (publico.pt)
