Com esta medida, a associação de defesa dos vendedores ambulantes acredita que isso vai reduzir os casos de violência de que esta classe é vítima.
De acordo com OPAÍS, a Associação Angolana dos Vendedores Ambulantes (AAVA) começa, a partir de hoje, nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla, o processo de registo e atribuição de cartões com número de identificação pessoal dos seus associados, segundo o seu presidente, José Cassoma.
De acordo com o responsável, para hoje, serão atribuídos cerca de 2800 cartões nos quais se incluem os dados pessoais dos vendedores ambulantes para facilmente reconhecer as pessoas que efectivamente praticam a actividade de venda ambulante. Estão preparadas vinte brigadas composta por três membros, que vão passar nos principais centros de concentração da venda ambulante a fim de se proceder ao registo e atribuição do número de membro.
O número de vendedores ambulantes pelo país ultrapassa os 4 mil, segundo a associação. Porém, os que não forem registados hoje serão cadastrados ao longo dos próximos dias, a julga pelo processo que é de carácter contínuo e prevê registar, até ao final do ano, todos os vendedores. “Numa primeira fase vamos registar, como já disse, 2800 membros. Mas não ficaremos por aqui.
Os outros receberão os seus cartões nos próximos tempos”, frisou. Segundo ainda o líder associativo, a atribuição do número de identificação pessoal vai permitir que se reduzam os casos de violência de que são alvos, constantemente, os seus associados. Ao ser portador de um cartão de vendedor, o associado poderá conhecer melhor os espaços onde deve efectuar as suas vendas, evitando, assim, os constantes conflitos com as autoridades.
“Os cartões trazem consigo algumas observações e, dentre elas, a proibição da venda em locais que podem pôr em perigo a vida do próprio vendedor e de outras pessoas. E todos seremos obrigados a cumprir esse procedimento”, frisou.
Para José Cassoma, apesar de não haver, por parte das autoridades, alguma norma que defina os pontos certos para a venda ambulante, é importante que haja, por parte dos vendedores ambulantes, responsabilidade e noção de perigo quando se está a exercer a venda.
“Estamos a dar o exemplo de organização. Vamos esperar que o Estado reconheça o nosso esforço e nos faça compreender os pontos onde será permitida a nossa actividade, para evitar o conflito com a Polícia”, apontou.
Juliana Cafrique não está esquecida Por outro lado, José Cassoma disse que a sua organização continua a registar casos de agressões contra os seus, apesar dos constantes apelos e repúdio da sociedade civil. Para o defensor, enquanto não se chegar efectivamente a um acordo entre as autoridades e a associações de defesa dos vendedores ambulantes, a situação conflituosa vai continuar.
Questionado sobre o ponto de situação do Caso Juliana Cafrique, zungueira morta recentemente a tiro por um agente da Polícia Nacional, José Cassoma disse que a sua instituição está a acompanhar o caso. Sem adiantar muitos detalhes, frisou que algumas promessas foram cumpridas e outras caíram em “saco roto”. “Estamos em permanente contacto com a família.
Estamos confiantes que a justiça será feita”, notou. Sobre a queixa feita às organizações internacionais de defesa dos direitos humanos sobre os maus tratos aos zungueiros, José Cassoma disse que já foram encaminhadas as “cartas queixa” e aguarda-se por uma posição destas organizações que venha pôr fim aos constantes conflitos.
Segundo José Cassoma, é altura de as autoridades deixarem de olhar para os zungueiros como criminosos por estarem a vender em espaços públicos. Enquanto não se criem as condições de emprego não há como travar a força da venda ambulante, por se tratar de uma questão de sobrevivência.
“A fome não se trava com violência. Temos de acabar com a discriminação da venda ambulante. Precisamos encontrar formas de ela existir, sim, mas em espaços definidos e adequados que não ponha em causa a segurança social”, apontou.