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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Novas chapas de matrículas em Angola: Luxo ou necessidade?

Exclusividade para produzir novas chapas de matrículas nos veículos a empresas associadas a políticos ligados ao MPLA gera questionamentos em Angola. Além dos altos preços, artesãos que produziam chapas temem desemprego.

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FONTE:DW

As autoridades policiais de Angola implementaram, no dia 10 de janeiro, um novo modelo de matrículas para veículos automóveis. Projetadas para serem à prova de falsificações, as placas prometem revolucionar o controle de veículos.

Com o novo modelo, o país quer acelerar para uma nova era de segurança rodoviária. Mas há questionamentos quanto à exclusividade no processo de produção das novas chapas dos veículos – designadas a quatro empresas, alegadamente associadas a políticos ligados ao partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Além disso, o entusiasmo das autoridades também contrasta com as preocupações dos cidadãos sobre os altos custos e o risco de desemprego para antigos produtores artesanais de chapas.

Mudanças

A mudança visa adequar as matrículas aos padrões da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), garantindo maior segurança e identificação externa dos veículos em circulação – ou não.

O novo dispositivo alfanumérico incorporado nas matrículas é considerado à prova de falsificações, proporcionando uma identificação confiável dos veículos.

O comandante-geral da Polícia Nacional, Arnaldo Calado, assegurou que a adoção desse novo sistema contribuirá significativamente para o controle eficiente do parque automóvel angolano.

“Visam conferir maior controle do parque automóvel do país, bem como garantir a recuperação rápida de veículos roubados ou furtados,” afirmou.

Preços e exclusividade na produção

No entanto, a implementação das novas matrículas não é consensual entre a população. Algumas preocupações surgiram, principalmente relacionadas com o preço das novas chapas, que variam entre trinta e cinco e cinquenta mil kwanzas (aproximadamente 38 e 54 euros).

Além disso, a produção das matrículas está restrita a quatro empresas, levantando questões sobre o processo de seleção e distribuição, além do risco de desemprego para produtores artesanais de chapas.

Enquanto o comandante-geral da Polícia Nacional enfatiza a necessidade de medidas de segurança mais rigorosas, alguns proprietários de veículos expressaram ceticismo em relação à eficácia do novo sistema.

Domingos Pedro, um cidadão entrevistado pela DW, questionou a utilidade das novas matrículas na fiscalização e monitoramento dos veículos, citando experiências anteriores com documentos de identificação e licenças de condução.

“Acho que não vai funcionar, para ser sincero. O bilhete de identidade não funcionou, a carta de condução não funcionou e a AGT não está a funcionar”, disse.

Apesar das críticas, a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), representada por Francisco Paciente, concorda com as medidas de segurança apresentadas pelas autoridades policiais.

No entanto, expressa preocupação com o preço das matrículas, sugerindo uma revisão do valor inicialmente proposto. “Inicialmente, nós discutimos isso, aquando do lançamento: o preço de cinquenta e dois mil kwanza deveria ser revisto”, explicou.

“Quais são os elementos que fazem com que a chapa de matrícula se torne tão cara? Talvez sejam elementos que podem ser fundamentados em termos de matéria-prima, mas sentimos que era ainda caro”, acrescentou Francisco Paciente.

Políticos lucram?

A produção das novas matrículas está a cargo de quatro empresas nacionais e, segundo noticiou o Novo Jornal, entre os proprietários estão nomes de oficiais da polícia, incluindo o governador de Benguela, Luís Nunes, além de Leonel da Rocha Pinto e Inocêncio de Brito.

Apesar de todos as críticas quanto ao preço e ao processo de seleção das empresas, o comandante-geral, Arnaldo Calado, ressaltou a complexidade e a fiabilidade das novas matrículas.

“A chapa de matrícula, que permite identificar os meios de tao levado valor, não podia continuar a se produzida e aplicada em qualquer oficina, praça, sem observar as mais elevadas medidas de segurança, e sem o controlo das autoridades de segurança rodoviária”, concluiu.

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